A Vamos está comprando 2.900 caminhões da Cervejaria Petrópolis por R$ 576 milhões — usando pouco mais da metade dos recursos que levantou em seu follow-on de junho e marcando uma das maiores transações recentes desse mercado. 

Para se ter uma ideia, o volume é equivalente a 40% de todos os emplacamentos de novos caminhões feitos no mês passado. 

A fabricante da cerveja Itaipava está vendendo 95% de sua frota de caminhões como forma de levantar recursos dentro de seu processo de recuperação judicial. Após a venda, boa parte dos caminhões serão alugados de volta para a companhia em contratos de cinco a sete anos. 

O CEO da Vamos, Gustavo Couto, disse ao Brazil Journal que a ideia é revender 1,1 mil desses caminhões e recompor a frota com 600 caminhões zero-quilômetro que a Vamos já tem em estoque. Com isso, a Vamos deve alugar 2.400 caminhões para a Petrópolis. 

A venda ainda precisa ser aprovada pelos credores da Petrópolis e pelo juiz da recuperação judicial. A estimativa é que o processo seja finalizado em 25 a 90 dias.

O pagamento será praticamente à vista: assim que a venda for aprovada na RJ, a Vamos vai desembolsar 75% do valor total. O restante será liberado conforme a Petrópolis for compondo as garantias (como recebíveis performados e imóveis) previstas no contrato de aluguel.

“É uma transação que dificilmente outra empresa conseguiria fazer, porque vamos ter que colocar todo o nosso ecossistema para funcionar: nosso estoque, nossos recursos e as lojas de seminovos,” disse o CEO. 

Dada a situação da Petrópolis, é natural imaginar que a transação tenha saído com condições favoráveis para a Vamos. Couto diz que as condições foram de fato boas, mas que foi uma negociação “intensa, pesada, dura, e que satisfez os interesses das duas partes.”

“Se fôssemos dar um ‘chute na canela’, oferecer um preço muito baixo, certamente não seria aprovado pelos credores. Pagamos preços de mercado e vamos ter um retorno adequado para uma operação com essa escala.”

A transação vai aumentar a alavancagem da Vamos em 0,2x. No segundo trimestre, a alavancagem fechou em 3,6x EBITDA, mas os recursos do follow-on ainda não haviam entrado no caixa. Considerando os recursos, a alavancagem teria fechado em 3,3x. 

“Mas como este é um contrato que tem uma forte geração de caixa, esse aumento da alavancagem rapidamente vai diminuir. Em menos de seis meses acho que já retorna,” disse o CEO.

A Vamos tem uma frota de cerca de 50 mil caminhões e máquinas agrícolas e planeja chegar a 100 mil nos próximos anos.