Muito empreendedor quer ser David Vélez — mas só Pierpaolo Barbieri está chegando perto.

A fintech argentina Ualá, fundada por Barbieri em 2017, acaba de levantar US$ 300 milhões a um valuation de US$ 2,75 bilhões – uma das maiores captações para uma startup latino-americana nos últimos três anos.

Pierpaolo Barbieri ok

A rodada foi liderada pela Allianz X, o braço de venture capital da seguradora e financeira alemã, que está fazendo seu primeiro investimento na América Latina.

Entre os novos investidores da Série E estão a Pershing Square, de Bill Ackman, e o Claure Group, do ex-Softbank Marcelo Claure.

Participaram também alguns grandes investidores que já estavam no cap table como o Soros Fund Management, a Goldman Sachs, o Softbank e a Tencent.

“Vamos usar os recursos para escalar a Argentina, onde meu objetivo é ser o maior banco não apenas em número de clientes, mas também em valor de carteira,” Pierpaolo Barbieri, CEO da Ualá, disse à Bloomberg.

O banco digital entrou em operação em 2017 com apoio da Point72 Ventures, de Steve Cohen, e hoje tem 8 milhões de clientes – 6 milhões deles na Argentina. A fintech também iniciou operações no México e na Colômbia.

Barbieri disse que quer ter lucro em todos os mercados em que opera antes de estruturar um IPO nos EUA.

O nome Ualá é uma fusão de wallet com voialá. Inicialmente a fintech oferecia apenas cartões pré-pago de débito. Agora já possui diversos serviços financeiros e também conta em dólares. Sua carteira de crédito quintuplicou em 2024.

Barbieri, de 37 anos, é um historiador econômico nascido em Buenos Aires, filho de mãe argentina e pai italiano. Estudou em Harvard e é diretor-executivo da Greenmantle, consultoria especializada em macroeconomia e geopolítica fundada pelo historiador Niall Ferguson.

O Presidente Javier Milei visitou o escritório da Ualá em Palermo nesta segunda-feira. “Prefiro vir aqui e dar os parabéns a vocês do que inaugurar uma obra pública cara e ineficiente,” disse Milei, adicionando que a Argentina “tem tudo” para ser uma potência tecnológica.

Para Milei, a Ualá gerou um “benefício social” com a revolução das carteiras digitais, permitindo aos “estratos mais baixos da sociedade digitalizar suas transações de maneira segura.”

Depois de anos seguidos de crises e heterodoxias econômicas, o crédito privado hoje representa apenas 5% do PIB da Argentina – um décimo do percentual brasileiro. No Chile, as carteiras dos bancos equivalem a 90% do PIB. 

Em um post no X, Niall Ferguson parabenizou Barbieri e Milei.

“Congratulações para Pierpaolo e, claro, para o homem que está fazendo a Argentina grande novamente, Javier Milei,” postou Ferguson. “¡Viva la libertad, carajo!”