A Dasa disse hoje que sua controladora, a família Bueno, e o BTG Pactual se comprometeram a injetar R$ 1,5 bilhão na companhia, um movimento que permitirá à gigante dos laboratórios reduzir sua alavancagem num momento de Selic a 13,75%.
Num comunicado, a família Bueno disse que vai subscrever R$ 1 bilhão num follow-on que deve ser lançado em breve, enquanto a mesa de equities do BTG se comprometeu com os R$ 500 milhões restantes.
Caso a demanda ultrapasse o R$ 1,5 bi na oferta, os controladores poderão optar por reduzir a ancoragem do BTG ou exercer o hot issue, elevando o montante total da oferta.
O aumento de capital – numa época em que a ação da Dasa negocia perto da mínima histórica – foi fixado em R$ 8,50/ação, um prêmio de 11% em relação ao fechamento de hoje.
Num reflexo tanto do derretimento da Bolsa brasileira quanto dos desafios da empresa, a Dasa negocia hoje 85% abaixo do preço de seu re-IPO, em abril de 2021, que saiu a R$ 58 por ação.
O papel bateu no low histórico – R$ 6,79 – há três dias.
Como benefício adicional, os acionistas que subscreverem a oferta receberão ainda um bônus de subscrição na proporção de 10/1: ou seja, a cada 10 ações subscritas, o investidor receberá 1 warrant, que dará direito a comprar novas ações pelo mesmo preço da oferta, mas daqui a dois anos.
Os acionistas minoritários terão direito de preferência na oferta na proporção de suas participações; a diluição para quem não acompanhar a oferta ficará em torno de 30%.
A capitalização deve ajudar a Dasa a reduzir sua alavancagem, que terminou o terceiro trimestre (o último divulgado) em 3,8x EBITDA. Naquela data, a companhia tinha uma dívida líquida de R$ 7,7 bilhões e um EBITDA de R$ 2,1 bilhões nos últimos doze meses.
Com a entrada do R$ 1,5 bilhão no caixa, a alavancagem deve cair para algo próximo de 3x.
A decisão de fazer o follow-on vem depois da Dasa discutir outras opções para levantar recursos. A companhia manteve discussões com a Bain Capital e a Advent para uma injeção de capital, mas estas conversas esbarraram em temas que vão da governança da empresa ao tamanho do cheque, pessoas a par do assunto disseram ao Brazil Journal.
Segundo essas fontes, uma das gestoras só estaria disposta a fechar negócio se pudesse fazer um cheque substancial em dólares – o que, com a ação enfraquecida, geraria uma diluição maior ainda aos atuais acionistas.