A Zee.Dog, a marca de acessórios pet mais conhecida do País, está conversando com investidores para uma rodada de capital entre R$ 100 e 150 milhões.
As reuniões estão no estágio inicial junto a family offices e fundos de private equity.
O objetivo da captação é investir num projeto — que inclui um aplicativo e uma estrutura logística — para capilarizar os pontos de distribuição da marca. A empresa não abre detalhes, mas estima que a nova iniciativa será responsável por cerca de 30% das vendas já no primeiro ano.
Fundada em 2012 pelos irmãos Thadeu e Felipe Diz, a Zee.Dog criou uma marca aspiracional e introduziu o conceito de ‘fast fashion’ no mundo dos acessórios pet. Os dias em que o melhor amigo do homem usava sempre a mesma coleira surrada e sem graça acabaram quando a Zee.Dog — fazendo uso pesado de ‘business intelligence’ — passou a lançar uma coleção a cada três meses, incluindo tiragens limitadas do Star Wars e do Mickey, em acordo de licenciamento com a Disney.
O CFO da Zee.Dog, Rodrigo Monteiro — um ex-analista do BTG — disse ao Brazil Journal que a companhia cresceu suas vendas e geração de caixa a uma taxa média composta de 100% ao ano desde sua fundação em 2012. A Zee.Dog gera caixa desde o final de 2013, faturou R$ 70 milhões em 2018 e espera faturar R$ 150 milhões este ano.
Num País em que a maioria dos produtos pet são commodities — comprados diretamente de catálogos chineses e sem qualquer design ou qualidade que os diferencie — a Zee.Dog praticamente criou a categoria de marca premium investindo em design e funcionalidade.
Em sua linha de camas de cachorro (a Zee.Bed), a empresa inovou criando a primeira cama embalada a vácuo, o que diminui o tamanho da embalagem para transporte e armazenagem e permite um destaque melhor nas prateleiras das lojas. No gancho das guias, a Zee.Dog criou uma trava de segurança que, segundo a empresa, elimina o risco do cachorro escapar. A Zee.Dog já tem pelo menos seis patentes sobre o funcionamento e o desenho industrial de seus produtos.
Com um tíquete médio de R$ 160, a marca conseguiu criar uma identidade — e hoje vive desse pedigree. Enquanto uma guia comum na Cobasi custa R$ 60, uma coleira Zee.Dog custa entre R$ 100 e R$ 120. Mas os consumidores da marca são pouco sensíveis a preço. Desde seu início há seis anos, a Zee.Dog aumentou seus preços pelo menos quatro vezes, “e toda vez que o preço subia, a gente vendia mais”, afirma Thadeu Diz, o co-fundador da empresa.
Hoje, os produtos da empresa são vendidos em 4 mil pet shops e 32 quiosques de shoppings (a maioria de alta renda) em todo o Brasil. No resto do mundo, a marca está em mais de 13 mil lojas. As vendas internacionais já são 40% do faturamento, e a Zee.Dog está investindo para aumentar tanto sua pegada digital quanto sua exposição à China.
Nos EUA, a companhia criou canais de venda próprios como estratégia para defender a marca. A Zee.Dog evitou varejistas ‘big box’ como Wal-Mart, Target, Petsmart e Petco — que com o tempo apertam a margem e descontam o preço — e em vez disso focou no digital e em flagship stores no Soho e em Las Vegas.
No ecommerce, a Zee.Dog opera duas operações distintas: uma no Brasil, para as vendas domésticas, e um armazém na Carolina do Norte, de onde saem os produtos para abastecer as lojas americanas e as vendas globais do seu canal B2C. Em 2018, a venda online foi 160% maior que no ano anterior.
A China — hoje o segundo maior mercado da empresa — faz parte da história da Zee.Dog desde o início, quando os fundadores começaram a desenvolver uma rede de fornecedores de forma que toda a manufatura viesse de lá.
Hoje, 17 fábricas chinesas atendem a companhia, que tem um escritório em Shenzen e vai abrir uma flagship em Shangai e um ecommerce local ainda este ano. A China é o décimo maior mercado pet do mundo, mas projeções dos próprios chineses indicam que deve se tornar um dos três maiores nos próximos cinco anos.
A indústria de private equity já fez seus afagos ao mundo pet — apesar da escassez de ativos nos últimos anos. A Warburg Pincus tem 55% da Petz, uma rede de cerca de 80 lojas; e Tiger, Monashees e Kaszek são investidoras na PetLove, um ecommerce de produtos pet.