A Ultrapar chegou a um acordo com o Pátria Investimentos e o Temasek para comprar uma fatia de 17% que os dois investidores detêm na Hidrovias do Brasil, fontes a par do assunto disseram ao Brazil Journal.
Um anúncio é iminente.
A dona dos postos Ipiranga está pagando R$ 3,98 por ação, um prêmio de quase 12% sobre o fechamento de sexta-feira.
A transação equivale a um desembolso de cerca de R$ 500 milhões e é o maior movimento de alocação de capital do grupo Ultra nos últimos dez anos.
Se concretizada, a transação transformará a Ultrapar no maior acionista da Hidrovias, com uma participação imediata de 27% na empresa de logística.
A Ultrapar já tinha uma posição à vista de 4,99% na Hidrovias, montada em grande parte no follow-on da companhia em julho passado, além de outros 4,99% por meio de um total return swap — um derivativo estruturado por bancos que concede direitos econômicos, mas não políticos, sobre um determinado ativo.
Agora, a Ultrapar está comprando 13% do capital da Hidrovias do fundo II do Pátria, e cerca de 4% do Temasek, que está zerando sua participação.
O Pátria ainda manterá 10% do capital por meio de seu fundo IV.
A transação depende da aprovação do CADE e dos acionistas da Hidrovias aprovarem um waiver do poison pill da companhia, que obriga qualquer acionista que atingir 20% do capital a fazer uma oferta por toda a empresa.
Como parte deste waiver, a Ultrapar está pedindo autorização para chegar a 40% do capital sem disparar o poison pill.
A Hidrovias deve convocar uma assembleia geral extraordinária nos próximos 30 dias para que os acionistas deliberem sobre este waiver.
A transação vem depois que a Ultrapar já concluiu sua revisão de portfólio — vendendo a Oxiteno e a Extrafarma — e num momento em que a companhia ostenta o menor índice de alavancagem dos últimos 15 anos (1,1x EBITDA no final de dezembro).
Se a transação for concretizada, a Hidrovias estará trocando um acionista de referência financeiro – um fundo de private equity – por um acionista de referência estratégico, sem obrigação ou prazo de saída.
Desde que começaram a montar a posição, o CEO Marcos Lutz e o CFO Rodrigo Pizzinatto se envolveram pessoalmente em estudar a companhia, visitando as bases da empresa em Barcarena e Miritituba, as duas cidades do Pará que estão nos extremos da hidrovia que a companhia possui na região Norte.
Assim como a Rumo e a VLI, a Hidrovias se beneficia diretamente do crescimento do agro brasileiro. Essas empresas competem com o modal rodoviário no transporte da soja e do milho.
A Hidrovias tem um corredor Norte, que escoa a safra de grãos do norte do Mato Grosso; e um corredor Sul, que transporta principalmente minério de ferro – da antiga operação da Vale em Mato Grosso do Sul, hoje nas mãos da J&F Investimentos – por meio da hidrovia do Rio Paraná.
Mas enquanto a demanda por seus serviços só aumenta, o grande risco da Hidrovias tem sido o clima.
No ano passado, uma seca histórica afetou os resultados da companhia na região Norte, e, no ano anterior, o mesmo já acontecera com a operação da companhia no Sul.
No fechamento de sexta-feira, a Hidrovias valia R$ 2,7 bilhões na Bolsa.