A Ultrapar está montando uma posição na Rumo e já se aproxima de 5% do capital da holding de ferrovias, pessoas a par do assunto disseram ao Brazil Journal.

A Ultrapar está montando a posição por meio de um total return swap, uma operação em que um investidor paga uma taxa fixa ou variável a um banco – que compra o papel na Bolsa – e assim ganha exposição aos retornos do ativo. 

A Ultrapar parece estar montando a posição por meio do Morgan Stanley, o mesmo banco que usou para montar sua posição na Hidrovias do Brasil no ano passado.

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O Morgan Stanley é disparado o maior comprador líquido do papel nos últimos 30 dias. Nesta quarta-feira já foram negociadas mais de 12,5 milhões de ações da Rumo, o dobro da média diária dos últimos 30 dias, tornando a Rumo a segunda ação mais negociada da Bolsa, atrás apenas da Vale.

O volume da Rumo sugere que, além da Ultrapar, outros investidores ainda não identificados estão montando posição no papel nos últimos dias.

A montagem da posição vem num momento em que a ação da Rumo negocia perto da mínima dos últimos três anos.

O chairman da Ultrapar, Marcos Lutz, conhece o ativo como ninguém. Dez anos atrás, Lutz – então CEO da Cosan – foi o principal arquiteto da compra da antiga ALL, que se tornou a Rumo, e o principal responsável pelo turnaround da empresa.

Somada a aquisições recentes, a posição na Rumo sugere um foco maior da Ultrapar em operações de infraestrutura logística. No mês passado a Ultrapar comprou 37,5% da VirtuGNL, uma empresa que faz a logística de gás natural liquefeito e que é controlada pela Perfin, que recentemente virou acionista da Cosan.  

Há dúvidas sobre o tamanho da posição que a Ultrapar pode construir na Rumo. Como a empresa de ferrovias vale R$ 30 bilhões na Bolsa, uma participação de 10% custaria R$ 3 bilhões. 

No final do terceiro trimestre, a Ultrapar tinha uma dívida líquida de R$ 12 bilhões, com uma alavancagem de 1,7x EBITDA. 

A Cosan é o maior acionista da Rumo, com 30% do capital, e tem um acordo de acionistas com a família Arduini. O estatuto da Rumo contém um poison pill de 15% que limita a participação de novos acionistas a este patamar, a menos que adiram ao acordo de acionista. Apesar de ter 30%, a Cosan só vota por 20%, uma limitação também definida no estatuto social.