Um tribunal de arbitragem do Rio de Janeiro decidiu que a Heineken terá que continuar usando o Sistema Coca-Cola para distribuir seus produtos até abril de 2022, fontes a par do assunto disseram ao Brazil Journal.

A decisão, aguardada há meses, é uma derrota para a Heineken, que esperava poder unificar suas duas redes de distribuição no País depois da compra da Brasil Kirin.

Quando comprou a cervejaria brasileira em fevereiro de 2017, a Heineken notificou o Sistema Coca-Cola de que estava rescindindo os contratos de distribuição. 

Na visão da Heineken, esses contratos tinham prazo indeterminado, bastando dar apenas uma aviso prévio de 90 dias para encerrá-los. 

A ideia da empresa era passar a usar a distribuição da Brasil Kirin como sua única rede, gerando sinergias substanciais.

A Coca-Cola buscou arbitragem, alegando que pelo menos um dos contratos era válido até abril de 2022.

A decisão de hoje significa que as sinergias esperadas serão adiadas.

Nove engarrafadores Coca-Cola no Brasil são impactados pela decisão. 

Agora, eles ganham tempo para encontrar alternativas para suprir a receita que será perdida em 2022.

Dependendo do engarrafador, a distribuição dos produtos Heineken representa de 10% a 25% do faturamento das empresas.

A decisão acontece num momento em que a Heineken tem ganhado share no mercado brasileiro de cervejas premium e tenta aumentar sua capacidade de produção fazendo upgrades nas plantas da Brasil Kirin.

Estima-se que o Grupo Heineken tem 22% de share no mercado de cervejas contra 65% da Ambev. 

O Sistema Coca-Cola distribui cervejas desde 1993, quando um engarrafador da Coca em Minas Gerais lançou a Kaiser. Anos depois, a Heineken e demais fabricantes se tornaram sócios da Kaiser.

A Heineken confirmou a informação por meio de nota: “O Grupo HEINEKEN no Brasil informa que recebeu a decisão final do processo de arbitragem entre a Cervejarias Kaiser, empresa pertencente ao Grupo, e o Sistema Coca-Cola Brasil, e que sua equipe jurídica está  analisando o conteúdo.”