As conversas entre Hapvida e Notredame Intermédica — revelados agora há pouco por Lauro Jardim — começaram há cerca de um ano e meio e já tiveram fases mais quentes e mais frias.
Na essência, a transação é uma troca de ações entre as duas empresas, com um acordo de governança que é a parte mais delicada da negociação.
Com a Hapvida valendo R$ 53 bilhões e a Intermédica R$ 48 bi — e com a família Pinheiro dona de 70% da Hapvida — uma fusão a preços de mercado transformaria os Pinheiro em controladores da empresa combinada.
Mas a Bain Capital (dona de 11% da Intermédica) já rejeitou categoricamente tornar-se acionista minoritário de uma empresa familiar. Para destravar o assunto, ou haveria um arranjo de empresa de capital pulverizado, ou os americanos receberiam cash. Ainda não está claro quanto os Pinheiro querem colocar na mesa em dinheiro vivo.
A fusão entre as duas operadoras verticalizadas sempre foi algo no radar dos investidores, mas era esperada mais para frente. A Hapvida e a Intermédica têm geografias complementares e sua união criaria um gigante nacional.
Mas o calendário foi adiantado por dois fatores: as duas companhias começaram a competir pelos mesmos ativos na guerra pela consolidação do setor, forçando os preços para cima; e a Rede D’Or foi para a Bolsa com um valor de mercado de cerca de R$ 120 bilhões — com a família Moll também dando as cartas na Qualicorp.
O xadrez ficou mais interessante depois da oferta secundária que a Bain fez em novembro passado, reduzindo sua participação pela metade. O movimento deu fôlego para um novo ataque da Hapvida, mas que por ora está sendo rejeitado.
O BTG Pactual e o Itaú BBA estão assessorando a Hapvida.
O Citigroup está assessorando a Intermédica.