Citi, UBS e Morgan Stanley estão investindo R$ 100 milhões na CSD BR, a empresa que está tentando criar uma nova Bolsa de Valores no Brasil, colocando fim ao monopólio da B3.
O investimento é 100% primário, e a companhia vai usar os recursos para investir na infraestrutura tecnológica necessária para a criação da Bolsa.
A CSD já tem três das quatro licenças de que precisa para operar como Bolsa. Primeiro, conseguiu a licença de registradora e, em dezembro passado, obteve junto ao Banco Central as licenças de depositária e liquidante.
A única que falta é a licença de contraparte central (CCP), cujo pedido já foi feito e a expectativa é que o processo seja finalizado em 2027.
Com as licenças atuais, a CSD já consegue operar com ações em transações bilaterais, como a negociação de grandes blocos de ações entre investidores institucionais. Mas, sem a CCP, ela não consegue operar no varejo, já que é a contraparte central que garante a liquidez necessária para se operar uma Bolsa com milhares de negociações diferentes por dia.
Edivar Vilela de Queiroz Filho, o CEO e cofundador da empresa, disse ao Brazil Journal que a CSD está bem capitalizada de outras rodadas e já tem geração positiva de caixa.
Desde que foi fundada, a CSD fez outras duas rodadas. Ela levantou R$ 50 milhões com famílias, como a dos controladores da Suzano e Gerdau, e depois captou outros R$ 200 milhões com o Santander, BTG e a CBOE (a Bolsa de Chicago).
“Já tínhamos todo o capital regulatório necessário e também os recursos para desenvolver a parte tecnológica. Mas com esse capital novo vamos conseguir acelerar o processo,” disse o executivo. “Essa rodada também tem um aspecto de smart money, já que estamos atraindo sócios com muito conhecimento de mercado financeiro e que vão poder nos ajudar nesse processo.”
Os três novos acionistas terão assentos no conselho, que hoje já tem sete membros, incluindo representantes do BTG, Santander e da CBOE, além dos fundadores e representantes dos acionistas minoritários.
Edivar disse que já mantem conversas há um bom tempo com os três novos acionistas, já que eles também são potenciais clientes da nova Bolsa. “Não fomos captar porque precisávamos dos recursos. Queríamos os parceiros certos, então fomos muito ‘snipers’ nas conversas. Conversamos com esses bancos e mais um ou outro estratégico,” disse ele.
A CSD foi assessorada pelo Lazard e o Stocche Forbes. Os três bancos tiveram assessoria do Pinheiro Neto.
O investimento dos três bancos foi feito por meio de suas estruturas globais, e não pelas filiais brasileiras.
Edivar disse que o investimento também mostra que, “independente das nossas questões políticas, o mercado de capitais brasileiro é muito atrativo. E mostra que essas instituições veem a necessidade de melhorar a infraestrutura local, para ter uma infra de primeira linha e com custos menores.”