A Estratégia Concursos — plataforma líder no Brasil em cursos online para concursos públicos — acaba de levantar R$ 100 milhões com a gestora de private equity Axxon, que comprou uma fatia minoritária do negócio.

Esta é a primeira captação da startup desde que foi fundada em 2011 por quatro ex-tenentes do Exército.

A transação — resultado de mais de um ano de conversas e negociações entre as duas partes — dará fôlego para a expansão da Estratégia. O plano é entrar em novas verticais na área de ensino à distância, principalmente por meio de aquisições. 

O acordo, que está sujeito à aprovação do CADE, inclui ainda uma opção de compra de mais R$ 70 milhões que pode ser exercida pela Axxon até 2021.

No ano passado, a Estratégia Concursos faturou cerca de R$ 140 milhões. A empresa tem geração positiva de caixa desde o primeiro mês de operação, Mário Pinheiro, um dos fundadores, disse ao Brazil Journal. A meta é triplicar o faturamento nos próximos cinco anos. 

“Necessidade de caixa para manter a operação não temos faz bastante tempo,” diz Pinheiro. “Mas para um crescimento inorgânico, com aquisições, precisávamos de recursos. Queríamos um investidor que entrasse como parceiro, com os sócios mantendo o controle e seguindo à frente do negócio.”

A empresa já está mantendo conversas abertas com alvos potenciais, e a expectativa é concluir as transações no ano que vem. 

Segundo o fundador, uma das áreas que a startup deve entrar em breve é a de cursos para o exame de residência médica, mercado dominado hoje por gigantes como o MedGrupo e a MedCel, que pertence à Afya. A Estratégia já está recrutando professores e a ideia é começar a operar ainda este ano. 

Hoje, a startup tem mais de 15 mil cursos online, a maior parte para  concursos públicos das áreas de gestão, fiscal, bancário e para a polícia civil e militar. Há ainda cursos para carreiras jurídicas e exames de conselhos de classe (OAB, CFC e ANPAD). Há dois meses, a startup lançou a Estratégia Vestibular, para oferecer cursinhos online pré-vestibular. 

Os cursos da plataforma incluem desde conteúdos escritos (alguns materiais chegam a ter mais de 2 mil páginas) até vídeo-aulas com professores resumindo o conteúdo da matéria. Em breve, aulas em áudio, no formato de podcast, serão incluídas no portfólio. 

Até pouco tempo, o modelo de monetização da Estratégia era apenas com a venda avulsa dos cursos: o consumidor entra na plataforma, escolhe o curso específico para o concurso que pretende prestar e paga apenas por aquele conteúdo. 

No ano passado, incluiu a assinatura anual, que gira em torno de R$ 2 mil e dá acesso a todos os cursos da Estratégia na área de concursos públicos. (Os cursos para conselhos de classe, vestibular e carreiras jurídicas não estão inclusos).

Hoje, são mais de 170 mil alunos nos dois modelos, que respondem cada um por cerca de 50% da receita.  

O negócio da Estratégia vem crescendo todos os anos, apesar da queda expressiva no número de concursos públicos desde o fim do Governo Dilma — movimento que tende a se acentuar. 

“É inegável que esse mercado vai ter pressão nos próximos anos, com o governo querendo enxugar as vagas de concursos,” Antonio Bulcão, gestor da Axxon, disse ao Brazil Journal. “Mas a empresa ainda tem espaço para ganhar share investindo mais em tecnologia, dando mais inteligência e melhorando a experiência do aluno. Além disso, vai crescer, principalmente, entrando em novas verticais.”

A Estratégia Concursos é fruto da (vasta) experiência de Pinheiro com concursos públicos. 

Quando abandonou a carreira militar, em meados dos anos 2000, ele foi tentar a vida como servidor público e passou em dois concursos. Por alguns anos, trabalhou como analista da Controladoria Geral da União e depois como auditor fiscal do trabalho.

Até que percebeu que aquilo não era para ele e decidiu passar a experiência pra frente: ligou para três colegas do Exército com uma trajetória parecida — Ricardo Vale, Sérgio Mendes e Heber Carvalho — e juntos criaram a Estratégia, investindo pouco mais de R$ 5 mil cada.

Por um bom tempo, os quatro sócios produziam sozinhos todo o conteúdo da plataforma. (Para se ter uma ideia, só Pinheiro já escreveu mais de 5 mil páginas de materiais de preparação dos cursos). 

Hoje, 250 professores — liderados por Vale, o diretor pedagógico — fazem o trabalho que era feito pelos quatro ex-militares. 

A Estratégia Concursos é o primeiro investimento da Axxon no setor de educação. Fundada em 2001, a gestora tem mais de US$ 800 milhões em três fundos e levanta recursos principalmente com investidores institucionais estrangeiros. 

Os cheques vão de R$ 75 milhões a R$ 300 milhões e o foco são empresas do middle market. Recentemente, a gestora comprou o controle da Casa do Adubo e da Westwing, de casa e decoração. A Axxon também é acionista da Mills e dona da marca de calçados Usaflex.

A Cypress assessorou a Estratégia Concursos na transação.