A Gringo – uma startup que quer se posicionar como o ‘one-stop shop’ dos motoristas – acaba de levantar R$ 190 milhões numa rodada que vai permitir aumentar a monetização de sua base de mais de 5 milhões de usuários.
A Série B foi liderada pela VEF, um fundo de Londres que é um dos principais investidores da Creditas, e marcou a entrada no cap table da Píton Capital, outra gestora londrina com expertise no setor automotivo.
Kaszek Ventures, ONEVC e GFC, que já investiam na startup, também acompanharam, assim como sócios de gestoras como Constellation, Núcleo e Aster Capital.
A Gringo foi fundada há dois anos por Rodrigo Colmonero, um dos sócios da Neo Investimentos.
A grande sacada do empreendedor foi perceber que ninguém tinha criado ainda uma plataforma voltada para o motorista de carro que gerasse recorrência.
“Tudo começa no monitoramento dos documentos, da CNH, das multas, e do pagamento do IPVA,” Rodrigo disse ao Brazil Journal. “Ao entregar essas soluções conseguimos entrar no dia a dia dos motoristas e fazer com que eles entrem com frequência na nossa plataforma.”
Para isso, a Gringo se conecta com APIs de bancos, despachantes e do Detran para – com a autorização do motorista – puxar de forma automatizada e em tempo real todas as suas informações relacionadas ao carro e à CNH.
O motorista recebeu uma multa? A Gringo envia um push avisando. A CNH venceu? A Gringo alerta. Tem desconto pagando a multa antes? A startup te informa.
“No final do dia o que queremos é ser o melhor amigo do motorista,” disse o fundador. “Queremos ajudar em tudo que ele precisa.”
O resultado foi melhor do que Rodrigo esperava.
No primeiro mês de vida, a Gringo já chegou a 50 mil motoristas – número que subiu para 1 milhão no final de 2020, 2,5 milhões na metade do ano passado e mais de 5 milhões hoje.
Cerca de 80% dos clientes são ativos, definidos como aqueles que entram no aplicativo pelo menos uma vez por trimestre.
Com essa base robusta – equivalente a quase 7% de todas as pessoas habilitadas do Brasil – a Gringo agora quer começar a ganhar dinheiro de verdade.
A startup hoje tem uma receita que vem do pagamento das multas: quando o motorista opta por pagar as multas pela plataforma, a Gringo ganha uma pequena taxa.
Mas a ideia é começar a ‘plugar’ diversos produtos no aplicativo, começando por seguros e assistência 24h. A Gringo já começou a vender esses produtos na plataforma e vai escalar o negócio com o dinheiro da rodada.
Mais tarde, vai incluir financiamento e refinanciamento e, no ano que vem, pretende entrar na compra e venda de automóveis — criando um marketplace onde os motoristas poderão colocar seu automóvel à venda.
Segundo Rodrigo, todos esses produtos serão de terceiros. “Nossa visão é plugar parceiros e ser um concierge do motorista, ajudando ele a escolher o melhor produto, com o melhor preço, e ganhando num modelo de revenue share,” disse o fundador.
A expectativa da Gringo é que no médio prazo toda a base de usuários compre pelo menos um dos produtos oferecidos na plataforma.
“Se eu estiver presente em toda a vida do motorista e monitorar tudo gratuitamente para ele, a chance dele comprar algum produto ou serviço comigo quando ele precisar é muito grande.”