A A de Agro — uma startup de dados para o agronegócio — acaba de levantar uma rodada que vai permitir expandir suas soluções de análise de safra e entrar em novos segmentos, como o de seguros. 

A captação de R$ 28 milhões foi liderada pela DXA Invest – a gestora de venture capital de Oscar Decotelli que já apostou na Zee.Dog, Greenpeople e Flapper – e teve a participação da Suno, a empresa de research de Tiago Reis. 

A rodada é a segunda da A de Agro, que já havia recebido aportes da SP Ventures, da SVG Partners (um fundo do Vale do Silício focado em agro) e do BTG Pactual. 

boopo rafael coelhoRafael Coelho fundou a startup em 2019 depois de trabalhar cinco anos na Louis Dreyfus, na área de trading research, e depois de ter cofundado outros dois negócios: a gestora de VC W7 e a fintech Monkey Exchange

Quando saiu da Monkey, Rafael conheceu Heitor Martins e Tadeu Rocha, que tinham acabado de terminar um mestrado no MIT com um projeto de uso de imagens de satélite para a análise de safras agrícolas e estavam prestes a fundar uma startup nesse nicho, junto com Eric de Godoy. 

Rafael trouxe os três para o negócio e começou a desenvolver a tecnologia que daria origem ao primeiro produto da empresa: um sistema que gera dados sobre as safras de soja, com base nas imagens de satélite, e que consegue metrificar o nível de produtividade de cada fazenda. De lá para cá, a startup já criou um produto semelhante para a análise do milho e da cana. 

A startup também desenvolveu uma ferramenta que automatiza o desenho dos chamados ‘talhões’ — as várias áreas e subdivisões de uma fazenda. 

“Muita gente ainda usa cartógrafos para desenhar o talhão da fazenda. Tem várias empresas que têm 20-30 pessoas só fazendo isso. A gente desenvolveu um sistema de machine learning que automatiza todo esse processo,” Rafael disse ao Brazil Journal

As soluções da A de Agro são usadas por empresas como a Bayer, KPMG, BTG Pactual e o Banco Alfa. Um dos principais casos de uso hoje é para companhias que dão crédito para o produtor — como o BTG e o Alfa — e que precisam analisar e monitorar as fazendas. 

“Só com o CPF do produtor conseguimos entregar toda a análise de crédito: todo o histórico da fazenda de seis anos para trás, a análise ano a ano, a homogeneidade da fazenda, a produtividade histórica,” disse Rafael. “Medimos tudo ao redor desse produtor e damos um score para ele, incluindo o risco socioambiental.”

Com base nesses dados, o banco precifica o crédito.

Outra solução para a área de crédito é o índice de quebra — basicamente um indicador que permite calcular com um mês de antecedência do mercado a probabilidade de quebra de safra. 

No ano passado, a A de Agro analisou R$ 224 milhões em créditos concedidos ao produtor. Este ano, essa cifra já está em mais de R$ 500 milhões e ainda deve acelerar no segundo semestre, quando a sazonalidade é mais favorável. 

Para a Bayer, a startup desenvolveu uma solução chamada ‘plantabilidade’, que calcula a quantidade de plantas de soja por metro quadrado na hora colheita. Esse dado é crucial para a multinacional porque é com base nele que ela cobra os royalties dos produtores pelo uso de suas sementes. Antes, a Bayer tinha que mandar pessoas nas fazenda para fazer esse cálculo.

Com os recursos da rodada, a A de Agro quer entrar no monitoramento de outras culturas, como o café e o algodão. Segundo Rafael, os modelos de machine learning para essas duas culturas já estão em treinamento e devem ficar prontos ainda este ano. No ano que vem, diz ele, o plano é entrar em culturas perenes, como laranja, eucalipto e pinus. 

Outro plano é incluir mais ofertas de produtos na plataforma, como um marketplace de insumos e seguros para o produtor. A A de Agro já fechou uma parceria com a corretora Alper, que vai usar os dados e modelos da startup para ajudar a precificar seus seguros, que também serão distribuídos na plataforma. 

“Queremos criar um sistema operacional do agro. Entregar uma plataforma para o produtor onde ele tenha todos os serviços que precisa, do plantio à colheita,” disse o fundador. 

Outros investidores que já estavam no captable também acompanharam a rodada: Victor Knewitz, o fundador da Zenvia; Heitor Martins, o diretor comercial da Arco Educação; e Ricardo Madureira, CEO da Café Orfeu e que criou a Canavialis dentro da Votorantim Novos Negócios (a empresa foi vendida para a Monsanto por US$ 290 milhões).