A Espaçolaser ainda não conseguiu retomar o crescimento de vendas – um processo mais doloroso do que depilar com cera – mas reportou outro trimestre com tendências positivas na rentabilidade da operação.
A gigante da depilação a laser – que tem 854 lojas na América Latina – viu as vendas em sua rede caírem 2,2% na comparação anual para R$ 398 milhões. As vendas ‘mesmas lojas’ caíram ainda mais, 4,2%.
Apesar disso, a receita líquida cresceu 2,7% para R$ 275 milhões, atingindo o maior patamar para um trimestre da história da companhia.
(A diferença na dinâmica dos dois indicadores tem a ver com o fato das vendas da rede serem reconhecidas no regime de caixa, e a receita líquida, no de competência).
As margens cresceram num ritmo acelerado, com iniciativas de redução de despesas que a empresa adotou no ano passado e agora começam a aparecer nos números.
A margem EBITDA subiu 2,8 pontos para 26,9%, o sexto trimestre consecutivo de alta. A margem, que chegou atingiu um low de 16% em 2022, agora está no maior patamar desde o quarto trimestre de 2021.
A CEO Magali Leite — que entrou na empresa como CFO em junho passado e assumiu o comando em março — disse ao Brazil Journal que a companhia reduziu sua estrutura corporativa em 70 pessoas e mudou posições dentro das lojas, reduzindo o salário médio de alguns cargos.
“Também estamos com um programa forte de renegociação dos aluguéis das nossas lojas e de otimização dos custos logísticos e de marketing,” disse Magali.
No primeiro tri, as despesas totais da Espaçolaser caíram 2% na comparação anual, com as despesas com pessoal retraindo 8,5% e as operacionais caindo 11%. Os aluguéis subiram, mas abaixo da inflação, disse a CEO.
O lucro líquido ajustado também expandiu no trimestre, para R$ 13,4 milhões, uma alta de 21,3% na comparação anual. A margem líquida subiu 0,7 ponto para 4,8%.
A empresa também avançou na redução dos cancelamentos dos serviços como proporção da receita bruta. Esse indicador, que vinha rodando ao redor de 12%-13% nos últimos trimestres, caiu para 10% neste tri. Essa era uma preocupação do mercado, e a empresa agora conseguiu entregar uma redução relevante, disse Magali.
“Temos uma série de iniciativas para reduzir os cancelamentos, que vão desde mudanças na estrutura das equipes de cobrança até mudanças nas operadoras de cartões,” disse ela. “Em geral, o cliente está interessado em continuar o tratamento. Quando o approach é correto, ele acaba continuando e às vezes até contratando outros serviços.”
No trimestre, a Espaçolaser abriu 9 novas franquias. A companhia não divulga um guidance de aberturas para o ano, mas Magali disse que o objetivo é acelerar em comparação ao ano passado, quando a Espaçolaser abriu 50 franquias.
A expansão vai continuar sendo 100% via franquias, com foco em cidades do interior. Hoje, das 854 lojas, 624 são próprias e o restante franquias.
O resultado é o primeiro com Magali à frente da empresa. Quando era CFO, a executiva liderou uma das iniciativas mais importantes para a companhia no curto prazo: o reperfilamento da dívida, que somava cerca de R$ 800 milhões.
Em março, a Espaçolaser concluiu esse processo, com a emissão de R$ 733 milhões em debêntures que foram usadas para pré-pagar as dívidas, permitindo alongar o prazo médio da dívida de 1,5 ano para 3,7 anos.
Magali disse que esse movimento também vai trazer um benefício tributário. Antes, toda a dívida da Espaçolaser estava na holding não-operacional. Agora, parte da dívida foi alocada numa subsidiária operacional, o que vai gerar uma eficiência fiscal.
Esse benefício já deve aparecer nos números do segundo tri e ajudar a turbinar o lucro da companhia.
No primeiro trimestre, a alavancagem da Espaçolaser fechou em 2,3x, em linha com o tri anterior mas 100 basis points abaixo do primeiro tri do ano passado.
A Espaçolaser vale R$ 365 milhões na B3. O papel cai 30% nos últimos 12 meses e mais de 95% desde o IPO, quando a ação saiu a R$ 17,90.
A ação fechou hoje a R$ 1,01.