Quem diria? Marcos Molina sabe multitask.
Enquanto tramava a compra de 24,23% da BRF, Marcos Molina também negociou a compra da Minerva.
Em nome do empresário, banqueiros do BTG abordaram verbalmente a família Queiroz, que controla a companhia, dizendo que a Marfrig estaria aberta a comprar a posição da família, mas sem pagar prêmio.
Somando ações e warrants que serão exercidos até dezembro, a família Queiroz tem 25% da Minerva, que fechou sexta-feira valendo R$ 5,3 bilhões na B3. Se a Marfrig comprasse a participação da família, isso dispararia o tag along para todos os acionistas.
Os banqueiros ouviram de volta que aquela abordagem não servia nem como começo de conversa.
Dois dias depois, Molina mandou uma carta com uma oferta não-vinculante oferecendo R$ 11 por ação — um prêmio de meros 10%.
Foi o suficiente para ofender a família, que fez saber isso ao empresário.
No terceiro capítulo, já na quinta-feira passada, os banqueiros testaram um prêmio de 40%, mas a família respondeu que não acreditava que Molina estava negociando a sério.
Um dia depois, Molina anunciou os 24,23% na BRF.
Juntas, Minerva e Marfrig seriam o líder disparado na produção e exportação de carne bovina na América do Sul.
A Marfrig é hoje o terceiro maior exportador de carne bovina do Brasil e o segundo da América do Sul. A Minerva é líder na exportação na América do Sul e o segundo no Brasil.
O movimento pode ter sido uma manobra diversionista de Molina, tentando tirar a atenção do que realmente estava fazendo, ou… a Marfrig está gerando tanto caixa com a National Beef que Molina tem espaço para diversificar seu negócio (via BRF) e consolidar o setor na América do Sul (via Minerva).