A Cambuhy — que é dona de 19,5% da Eneva — fechou um acordo de acionistas com três fundos para formar um bloco que terá 35,7% do capital da companhia elétrica.
Os três fundos envolvidos no acordo são a Dynamo (que tem 9,8% do capital), a Atmos (4,6%), e a Velt Partners (1,6%).
O acordo — que vincula quatro dos cinco maiores acionistas da empresa — dará ao bloco um poder econômico maior que o do BTG Pactual, que tem 24% do capital da Eneva por meio de um veículo dos sócios do banco, e que passa a ser o segundo maior acionista de facto da companhia.
A junção dos quatro fundos vem em meio a tensões constantes na relação entre o BTG e a Cambuhy, que têm visões estratégicas diferentes sobre a empresa.
Enquanto o BTG tem uma visão mais agressiva em relação à estratégia de M&As da Eneva, a Cambuhy tem uma postura mais conservadora, dizem fontes a par do assunto.
O acordo de longo prazo vai vincular todas as ações já detidas pelos quatro fundos, bem como as ações que sejam adquiridas por meio de subscrições de novas ações, bonificação ou desdobramento.
Já as ações adquiridas de terceiros a partir da data do acordo serão consideradas “ações livres”, podendo ser negociadas livremente.
Dynamo, Atmos e Velt já tinham um acordo de acionistas para votar em bloco, que foi firmado há dois anos e que será mantido. Esse novo acordo com a Cambuhy não trata do voto em conjunto — ou seja, a Cambuhy poderá votar diferente dos três fundos.
Na prática, ele é um acordo patrimonial: se qualquer um dos fundos vender sua participação, todos terão o direito de tag along. Ao mesmo tempo, se a Cambuhy decidir vender sua posição, ela poderá obrigar os outros fundos a vender nas mesmas condições.
“Isso é mais para mostrar a unidade do grupo,” disse uma fonte a par do assunto.
O novo acordo de acionistas vem num momento de transição no comando da empresa, com a saída do CEO Pedro Zinner, que está indo para a Stone.