Reparando o estrago causado ao seu balanço pelo voluntarismo do Governo Dilma, a Auren Energia fechou um acordo com a União Federal que vai injetar até R$ 4 bilhões no caixa da companhia.

O valor equivale a cerca de 22% do market cap de R$ 13,6 bilhões da Auren – a empresa que surgiu da união da CESP com os ativos de geração da Votorantim e CPP Investments – e aumenta o poder de fogo da companhia para novos M&As ou para a distribuição de dividendos extraordinários. 

O acordo fechado hoje é relativo a um processo que corre na Justiça desde 2014 envolvendo a usina hidrelétrica Três Irmãos. 

Quando o Governo Dilma Rousseff editou a MP 579 – que, não nos esqueçamos, quebrou boa parte do setor elétrico – ele deu a opção às geradoras de renovar suas concessões no sistema de cotização (ou seja, vendendo a energia a custo), ou devolver a concessão para a União. 

A Auren escolheu a segunda opção, mas entrou com um processo pedindo uma indenização pelos investimentos que já tinha feito na usina. 

De lá para cá, a Justiça decidiu a favor da empresa, que tinha a receber um valor ‘incontroverso’ de R$ 1,7 bi – que corrigido pela Selic do período dá entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões (sem considerar os impostos). 

A Auren, no entanto, pedia valores adicionais, mas, com o acordo de hoje, abriu mão do litígio. 

Segundo a empresa, os recursos da indenização serão financiados pelo RGR – o fundo da Reserva Global de Reversão – e serão pagos em 84 parcelas mensais com início até 15 de outubro do ano que vem. 

Os recursos colocam a Auren numa posição de caixa líquido num momento em que ela busca oportunidades de consolidação no setor elétrico. A empresa fechou o terceiro trimestre com mais de R$ 3 bilhões em caixa – dos quais R$ 1,5 bi vieram no aumento de capital feito pelo CPP – e uma alavancagem controlada, de apenas 1,8x EBITDA. 

“Era um negócio que ninguém estava esperando que fosse sair agora e que abre muito espaço para um M&A grande,” disse um analista do buyside

O processo com a União já passou por altos e baixos. Em fevereiro do ano passado, quando o mercado esperava que ele estivesse perto de ser finalizado, o profissional responsável pela perícia e o laudo do processo faleceu – adiando o desfecho. 

Em agosto deste ano, o mercado desanimou outra vez depois que a RGR publicou uma prévia dos valores para o ano que vem que não incluía uma provisão do valor a ser pago à Auren. 

“Quando saiu isso, muitos investidores se frustraram e saíram vendendo a ação,” disse o analista.

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