Num movimento que chocou os seus investidores, a Tesla Motors acaba de fazer uma oferta para comprar a SolarCity Corporation, a maior empresa de paineis solares nos Estados Unidos, por 2,8 bilhões de dólares, pagando em ações.
Essencialmente, Elon Musk — o CEO e maior acionista da Tesla — quer fundir sua fabricante de carros elétricos com a empresa de energia solar na qual Musk é ‘chairman’ e, também, o maior acionista. (Ele tem cerca de 22% do capital das duas.)
Apesar do conflito aparente, Musk disse que se absterá de votar na assembleia, deixando a decisão para os demais acionistas.
A SolarCity desenvolve e vende painéis para clientes residenciais e comerciais, e vende energia solar.
“Isso é algo que temos pensado e debatido por muitos anos”, Musk disse aos repórteres há pouco. Para ele, a transação permitirá “uma maior integração de produtos e oferecer a experiência mais atraente para os consumidores.” E, é claro, a fusão derrubaria o custo de vendas e implementação de produtos.
Musk disse que a fusão é um ‘no brainer’ (uma transação óbvia), mas os investidores a viram mais como um ‘head scratcher’ (algo que faz coçar a cabeça).
No mercado, teve gente achando que a fusão proposta seria o equivalente a fundir a Eletropaulo com a Caoa. “Uma coisa é vender carro, outra é vender energia,” disse um analista que acompanha a Tesla.
A ação da Tesla cai 11% no ‘aftermarket’, o período de negociação depois do fechamento do mercado. Apesar de Musk ser um modelo para empreendedores em todo o mundo, a Tesla tem um balanço frágil: tem 1,4 bilhão de dólares em caixa, 3,2 bilhões de dólares em dívidas, e precisa arranjar mais capital para construir fábricas e bancar seu crescimento. Para alguém que não está exatamente nadando em dinheiro, comprar outra empresa com um produto discutivelmente complementar é uma jogada arriscada até para o padrão Elon Musk de ousadia.
Se comprar a SolarCity e assumir a sua dívida, a Tesla estará engolindo uma empresa de 5,8 bilhões de dólares.
A ação da SolarCity, que fechara o dia a 21,19 dólares, sobe 22% no aftermarket. A oferta avalia a ação entre 26,50 e 28,50 dólares.
Em março do ano passado, a Tesla lançou dois produtos — Powerwall e Powerpack — que permitem o armazenamento de energia solar em casa.
“Agora é hora de completar o quadro. Os clientes Tesla poderão dirigir carros limpos e usar as nossas baterias para consumir energia de forma mais eficiente, mas eles ainda precisam de acesso à fonte de energia mais sustentável que está disponível: o sol,” a Tesla escreveu em seu website.
Os investidores, por enquanto, não compartilham da mesma visão.