A Sanar — a plataforma de educação médica investida pela DNA Capital — acaba de comprar o Cetrus, cujos cursos de subespecialização vão complementar o portfólio da companhia e dar acesso a um tíquete médio substancialmente maior.

A Sanar pagou R$ 166 milhões pelo Cetrus — parte em dinheiro, parte em ações.

Para financiar a aquisição, a startup acaba de levantar uma rodada que contou com a participação da Península Investimentos, de Abilio Diniz, e da Green Rock, o family office dos fundadores do Salomão Zoppi. Também acompanharam todos os investidores que já estavam no captable: DNA, Valor Capital e Vox Capital.

Fundada há 26 anos por dois médicos especializados em ginecologia, o Cetrus começou oferecendo cursos de imagem (por exemplo, como fazer uma ultrassonografia). Com o tempo, ela viu a oportunidade de expandir sua oferta entrando no uso de imagens em especialidades e, mais recentemente, nas chamadas sub-especialidades.

Hoje, a empresa oferece cursos como endoscopia digestiva, implante hormonal e procedimentos avançados em tratamento da dor e medicina fetal. Esses cursos de sub-especialização têm um tíquete bem alto, chegando a custar R$ 50-60 mil.

O cofundador da Sanar, Ubiraci Mercês, disse ao Brazil Journal que o grande racional da aquisição “é trazer para dentro da Sanar mais uma etapa da jornada educacional do médico.”

A Sanar começou em 2014 atendendo o estudante com uma plataforma chamada SanarFlix, que oferece conteúdo em vídeo e texto para alunos da graduação. Depois entrou em cursos de preparação para a residência e na chamada primeira especialização. Agora, fecha o ciclo com a sub-especialização.

“Com o Cetrus, passamos a cobrir 90% da jornada do médico. Viramos de fato a plataforma de maior tempo de jornada desse profissional,” disse ele. “Mas ainda faltam muitas ofertas de cursos e de especialidades que podemos dar, além de um pedacinho da jornada que é ainda mais especializada que a sub-especialização.”

Segundo ele, há residências que duram de 6 a 7 anos e que formam o médico como especialista, sub-especialista e sub-sub-especialista. “Mas essa última parte é um pedaço muito pequeno,” disse ele.

O Cetrus opera num mercado dominado pelas residências de universidades como a USP e pelos cursos de sub-especialização de hospitais privados, como o Einstein, o Sírio-Libânes e o Moinhos de Vento – mas a startup diz ter vantagens em relação a esses players.

“A fronteira da medicina avança numa velocidade muito maior do que as residências conseguem ofertar seus cursos,” disse Ubiraci. “A robótica na urologia é um exemplo: até a residência tomar a decisão de investir no equipamento, que custa US$ 1-2 milhões, isso pode levar um tempo, e enquanto isso o Cetrus já tomou a frente.”

Do ponto de vista dos hospitais privados, Ubiraci disse que o grande diferencial dos cursos do Cetrus é que os hospitais estão direcionados para atender o paciente, enquanto o Cetrus está focado no médico.

“O médico precisa de um treinamento prático, e é difícil para um hospital deixar um médico que ainda está aprendendo operar,” disse ele. “No Cetrus, a gente importa cadáveres para eles treinaram e, depois de treinados, colocamos com pacientes de verdade com a supervisão de um especialista na área.”