Uma das principais consultorias de risco político do mundo disse hoje que Eduardo Leite é o favorito para ganhar as primárias do PSDB, o que viabilizaria o governador gaúcho como a terceira via tão sonhada para a eleição presidencial de 2022.

A visão da Eurasia — expressa num relatório a clientes — é a primeira projeção pública que desafia o favoritismo de João Dória, que nos últimos meses se tornou uma espécie de verdade estabelecida em círculos empresariais e da Faria Lima.

Na última pesquisa Datafolha, Leite pontuou igual a Dória (4%), mas teve uma taxa de rejeição muito menor (18% contra 37%) e uma taxa de desconhecimento muito maior por parte do eleitor — sugerindo um potencial de crescimento do pré-candidato se ele for o escolhido.

O ‘call’ da Eurasia deve energizar a base Leitista no PSDB e antecipa uma mudança no tabuleiro político que pode ter implicações significativas para uma eleição que, na ausência de uma terceira via, imporá ao Brasil escolher entre o petismo e o bolsonarismo — duas correntes políticas populistas que enfrentam ampla rejeição.

Uma eventual vitória de Leite na convenção e posterior crescimento nas pesquisas teria vastas repercussões para os preços dos ativos brasileiros, na medida em que aumentariam as chances de um governo reformista e pró-mercado.

O relatório vem dias depois do PSDB de Minas declarar apoio a Leite, que também recebeu o endosso dos diretórios do Amapá e da Bahia. O Paraná, que inicialmente havia apoiado Dória, mudou sua posição recentemente. 

Para a Eurasia, “enquanto Dória pode angariar a maioria dos votos em São Paulo, um número crescente de membros do partido acha que Leite está melhor posicionado para concorrer contra o presidente Jair Bolsonaro no ano que vem.”

A Eurasia pondera, no entanto, que se for o candidato do PSDB, Leite “muito provavelmente” terá um modesto aumento nos números das pesquisas nacionais, embora suas chances de chegar ao segundo turno dependam essencialmente da posição de Bolsonaro. 

“Uma terceira via tem apenas 20% de chances de chegar ao segundo turno, mas essa probabilidade pode aumentar em meio às perspectivas de deterioração da economia e, particularmente, se houver um agravamento da crise energética.”