Ao longo dos últimos 20 anos, José Olympio Pereira tem sido um dos banqueiros de investimento mais bem-sucedidos (e proporcionalmente remunerados) do Brasil.

Como chefe do banco de investimento do Credit Suisse, costurou operações épicas como a venda da Amil para a UnitedHealth e a compra da canadense Inco pela Vale.

Uma parte destes bônus milionários se converteu numa das maiores e mais importantes coleções de arte contemporânea do País, com mais de duas mil obras de artistas brasileiros e internacionais.

A partir deste domingo, os paulistanos terão a oportunidade rara — até agora reservada apenas a clientes e amigos — de conhecer parte deste acervo no Instituto Tomie Ohtake:  cerca de trezentas peças de mais de cem artistas brasileiros, incluindo pintura, desenho, escultura, instalação e vídeo.

A exposição “Os muitos e o um” tem curadoria de Robert Storr — curador do departamento de pintura e escultura do MoMA por 12 anos e hoje professor de pintura em Yale — com o apoio de Paulo Miyada, o curador do Tomie Ohtake.

Em seu ‘núcleo histórico’, a exposição tem nomes como Volpi, Ivan Serpa, Lygia Clark, Lygia Pape, Mira Schendel, Helio Oiticica e Amilcar de Castro.

Em outro eixo, que engloba os anos 1970 a 1990, há artistas que se destacam “pela importância que desempenham na coleção, seja pelo volume de trabalhos, seja pelo papel que assumem na narrativa da arte contemporânea ou ainda pela variedade de suportes e linguagens que exploram,” segundo o material promocional do Instituto.

Neste grupo estão nomes como Waltercio Caldas, Iran Espírito Santo, Anna Maria Maiolino, Miguel Rio Branco, Adriana Varejão, Tunga, Leonilson, Jac Leirner, José Resende, Daniel Senise, Ernesto Neto, Rivane Neuenschwander, entre outros.

Por fim, há um grupo de artistas que despontaram mais recentemente, como Erika Verzutti, Marina Rheingantz, Daniel Steegman, André Komatsu, Eduardo Berliner, Tatiana Blass e Bruno Dunley.

Pela lógica da família, José Olympio deveria ter se tornado livreiro, e não colecionador de quadros. Seu avô, o lendário editor José Olympio, fundou a editora homônima, hoje parte da Record.  Seu pai, Geraldo Jordão Pereira, dirigiu a José Olympio por duas décadas, e mais tarde fundou as editoras Salamandra e Sextante com seus outros dois filhos, Marcos e Tomás. (Três anos antes de morrer, Geraldo editou “O Código Da Vinci” no Brasil e usou parte do lucro para criar um fundo que financia projetos sociais.)

Mas para o banqueiro, os óleos e o guache falaram mais alto.  “Arte é um assunto extremamente vasto e complexo que, quanto mais você estuda, mais você sabe o quão ignorante você é,” disse ele numa entrevista recente.

“Os muitos e o um” fica no Tomie Ohtake até 23 de outubro.