Savita Subramanian, a estrategista-chefe do Bank of America, acha que a economia americana entrou em seu período de maior racionalidade da última década, com o fim do “experimento” dos juros zero.

Para ela, essa é uma boa notícia para a Bolsa.

Segundo Savita, o novo cenário macro revigorou alguns setores tradicionais, mas empresas atrativas estão sendo relegadas a um segundo plano pelos investidores por causa do frenesi com a inteligência artificial. 

“Estamos em uma posição em que companhias da velha economia aprenderam a sobreviver sem capital e estão bem interessantes nos preços atuais,” disse Savita em entrevista à CNBC. 

Para ela, com a economia fora do zero bound, o Federal Reserve terá 5 pontos percentuais de latitude para atuar quando a próxima recessão vier, disse Savita. “As taxas reais de juros não são mais negativas.” 

Isso dá mais racionalidade ao mercado, porque as empresas vão buscar os lucros pelo aumento da produtividade, e não fazendo engenharia financeira.

Segundo Savita, talvez os retornos do mercado nos próximos dez anos fiquem um pouco abaixo do que os investidores tinham se acostumado, mas, em sua avaliação, a rentabilidade será resultado da “coisa certa: produtividade e eficiência.” 

Savita revisou no mês passado o seu call para o índice S&P 500 no fim do ano, elevando o alvo em 7,5% para 4.300 pontos. Esse número é ligeiramente abaixo do nível atual, mas pode alcançar 4.600 pontos, levando-se em consideração o ponto mais alto das suas estimativas. 

Segundo um levantamento da CNBC, poucos estrategistas de Wall Street estão com um alvo para o S&P acima do estimado por Savita. Na ponta mais pessimista está o estrategista Mike Wilson, do Morgan Stanley, com um call de 3.900 pontos para o índice, esperado uma correção de mais de 10% em relação aos preços de hoje. 

Ainda na entrevista, Savita lembrou que seu momento mais bullish foi em 2011, porque o “mercado estava barato demais.” Hoje, em sua avaliação, os preços relativos não estão tão baixos como naquela ocasião, mas há bons pontos de entrada, com “segmentos do S&P 500 que parecem incrivelmente atraentes.” 

Nas suas contas, se forem desconsideradas as 50 maiores companhias, o P/E da bolsa é de 15x, um múltiplo “relativamente baixo,” disse ela. “Há oportunidades, mas elas estão sendo obscurecidas por essa bolha da IA.” 

Em um relatório recente do BofA, Savita disse que depois de uma década de crescimento dos lucros por meio da engenharia financeira, agora a economia vive uma transição para um ambiente em que vão prevalecer os resultados obtidos com ganhos de produtividade. 

“Muitos setores intensivos em mão de obra, como restaurantes e empresas de saúde, vão se beneficiar da automação,” diz a gestora. 

Desde a grande crise financeira, houve uma estagnação na produtividade – período que coincidiu com o “experimento” dos juros zero. Agora, com a elevação no custo de mão de obra, as empresas precisam investir na eficiência – e terão para isso a ajuda da inteligência artificial.