A Dynamo — mais conhecida por seus investimentos em empresas listadas — acaba de comprar 10% da Valemobi, a dona do aplicativo TradeMap, numa aposta no aumento da demanda de investidores pessoa física por informações sobre investimentos.
A rodada é a primeira desde que a Valemobi foi fundada em 2009 por Nelson Massud, um empreendedor que já fundou e vendeu uma empresa de software, Rodrigo Freitas, um executivo com experiência na área de TI, e Leonardo Magalhães.
A Valemobi opera em dois mercados: o B2B, que oferece soluções de tecnologia para corretoras, gestoras e administradoras; e o B2C, onde seu único produto é a TradeMap, um app que reúne gestão de carteira, notícias e informações sobre ações, renda fixa e fundos.
Hoje, 20% da receita da Valemobi vem das assinaturas da TradeMap, mas a expectativa é que a TradeMap já ultrapasse o B2B como share da receita ainda este ano. Segundo cálculos do Brazil Journal baseados em entrevistas anteriores dos fundadores, a Valemobi fatura mais de R$ 50 milhões/ano.
Nos últimos cinco anos, a empresa multiplicou seu faturamento por mais de 5x, e quase dobrou no ano passado.
Segundo fontes próximas à Dynamo, a gestora vê um enorme potencial de crescimento principalmente na TradeMap, que já é disparado o maior app de gestão de carteiras e informações sobre investimentos do Brasil.
A Valemobi já teria hoje tamanho para um IPO — e tem sido procurada por bancos — mas a ideia é acelerar a expansão da TradeMap antes de levar a empresa ao mercado, o que poderia acontecer num horizonte de dois a três anos.
A TradeMap tem mais de 2,5 milhões de usuários, dos quais 800 mil entram todos os meses na plataforma e 350 mil, diariamente. Em junho, a empresa lançou dois pacotes de assinatura mensal — de R$ 30 e R$ 120 — que já contam com mais de 55 mil usuários pagantes.
A Dynamo já conhecia Nelson Massud, o cofundador, de outros carnavais. Nos anos 2000, a gestora investiu em sua primeira empresa, a Gemco, que depois foi vendida para a Bematech, da qual a Dynamo também era acionista.
Ano passado, ao ler uma matéria no Brazil Journal sobre a TradeMap, a Dynamo resolveu retomar o contato: ligou para Nelson e começou a analisar o negócio, segundo relato do próprio.
A decisão de investimento se deu depois da gestora perceber a distância da TradeMap — em termos de tamanho, proposta de valor e engajamento — em relação aos competidores do mercado.
Um outro concorrente, a Nelogica, oferece a plataforma Profit para traders e foi avaliada em R$ 2,9 bilhões em novembro, mas tende a ter um lifetime value menor por ser focada em day traders, que frequentemente perdem dinheiro e desistem da assinatura.
A Valemobi já tem geração de caixa positiva há anos, e teria condições de continuar crescendo com capital próprio, mas os recursos da capitalização vão permitir acelerar esse processo, bem como investir na contratação de programadores e executivos C-Level e fazer M&As pontuais. Os alvos potenciais: empresas que adicionem novas ferramentas ao TradeMap.
A Valemobi acaba de contratar Sérgio Cardoso, um ex-diretor da XP e da Toro, como seu novo CTO; Marcos Leite, o ex-CFO da Reserva, como COO; e José Pacheco, um ex-Pátria que era CFO da Incognia (uma investida da gestora), como CFO.
O histórico de private equity/venture capital da Dynamo no tema de financial deepening inclui um investimento na XP em dezembro de 2012. Na época, a Dynamo comprou 2% da corretora, então avaliada em R$ 1,38 bilhão, na mesma rodada que atraiu a General Atlantic, que comprou 31% do capital.
A consultoria Visagio, especializada em gestão, já havia investido na Valemobi em 2019 e tem 3% da empresa.