A Crescera e a Vulcan Capital estão pagando cerca de R$ 550 milhões por uma fatia minoritária do capital da Nelogica, uma das companhias que mais tem surfado o chamado ‘financial deepening,’ o processo de democratização do mundo de investimentos, duas pessoas a par do assunto disseram ao Brazil Journal.
A transação — parte primária, parte secundária — avalia a companhia em R$ 2,9 billhões (post money) e vai financiar o crescimento da Nelogica no curto e médio prazos, incluindo sua expansão internacional. O faturamento da Nelogica tem crescido em mais de 100% ao ano na média composta do últimos três anos.
Vários bancos haviam abordado a companhia para um IPO, mas os fundadores Marcos Boschetti e Fabiano Kerber decidiram continuar crescendo como empresa de capital fechada.
A Nelogica é a companhia por trás do Profit, uma ferramenta de negociação e análise técnica amplamente usada por day traders, bem como sistemas usados por bancos e corretoras — um nicho em que compete com empresas como a Valemobi, dona do aplicativo Trademap.
A Nelogica recebeu mais de 10 propostas num processo competitivo organizado pelo UBS BB. Diversos potenciais compradores fizeram diligência na companhia, mas a Crescera acabou ganhando ao se compor com a Vulcan, segundo uma pessoa familiarizada com o processo.
A Nelogica foi fundada há 17 anos quando Marcos e Fabiano, dois apaixonados pelo mercado financeiro que se graduaram em ciência da computação na UFRS, se irritaram com o fato do pequeno investidor não ter acesso às mesmas informações de decisão que os grandes bancos. Em 2005, lançaram o primeiro produto.
“Antes do Profit — hoje o produto principal da empresa — as melhores ferramentas de análise do mercado custavam, em média, US$ 2 mil; um tanto irreal para um investidor, um trader pequeno, ou qualquer pessoa interessada na área. Com a inovação, surgiu uma plataforma com tecnologia inédita, altamente avançada e que respondia à demanda dos pequenos no mercado,” a companhia diz num post no Medium.
A Vulcan — o family office multibilionário fundado pelo co-fundador da Microsoft, Paul Allen, morto há dois anos — já investe em pelo menos três startups brasileiras: Loft, Neon e Wildlife Studios.
A Crescera é o novo nome da antiga BR Investimentos, a gestora de private equity cujos fundadores incluem o Ministro Paulo Guedes.
O Cescon Barrieu assessorou a Nelogica.