A notícia de que a economia americana está gerando mais empregos do que todo mundo imaginava aumentou a pressão sobre o banco central americano para começar a subir os juros mais cedo.

Com isso, o dólar negociou em alta e rompeu novos níveis contra quase todas as moedas nesta sexta, principalmente, claro, as emergentes. (A grande exceção aqui é o rublo russo que, depois de se tornar uma moeda ‘distressed’, adquiriu uma dinâmica de negociação própria.)

O real caiu 1,6% frente ao dólar e, para um gestor, a queda só não foi maior porque os juros futuros subiram na BM&F, o que aumenta o custo para quem quer apostar contra o real.

“O que amenizou a queda do Real foi o fato dos juros de curto prazo terem subido hoje mais do que os juros longos,” disse ele.

A razão para isto: a inflação cada vez mais galopante. O IGP-M, que mede a inflação no atacado e era esperado em 0,40%, veio com alta de 0,53%. A mediana do IPCA, esperada era 1,08%, subiu 1,22%.

Esses números de inflação sugerem, em tese, que o Copom pode ter que esticar ainda mais seu ciclo de aperto monetário, o que faz com que os investidores pressionem as taxas curtas para cima.

O “Dollar Index”, que mede a performance do dólar contra uma cesta de moedas do primeiro mundo, subia 1,36% no meio da tarde, e está agora no nível mais alto desde 2003. Mas o dólar forte é má notícia para as grandes multinacionais americanas, algumas das quais chegam a ter metade de seu faturamento fora dos EUA.

Com a desvalorização das moedas emergentes, as múltis lucram menos em dólar, o que força os investidores a rever (e reduzir) suas estimativas de lucro para estas empresas.

Como resultado disto, as ações de grandes marcas americanas com alcance global tiveram quedas maiores que a do índice S&P 500, que é a média do mercado, nesta sexta-feira.

Veja, abaixo, o estrago feito nas moedas…

moedas

 

… e a pressão sobre as ações:

 

multinacionais