juro raiz quadrada
Enquanto as ações da Petrobras se beneficiam das chances crescentes da oposição, investidores e operadores de mercado começam a falar de um outro movimento que parece estar começando, ainda que timidamente: a alta das ações de empresas cujos negócios são sensíveis à taxa de juros.Dilma Rousseff

A perspectiva de uma queda da Selic na reunião do Copom em setembro (e as pesquisas indicando empate técnico no segundo turno) estão levando alguns investidores a montar posições nestes nomes desde já.

Maior empresa de gestão de imóveis comercais do País, a BR Properties subiu 6,5% na última semana, com um volume de negócios duas vezes maior que a média.

Se esta aposta aumentar, poderá beneficiar nomes como as concessionárias de infraestrutura, as empresas de shopping centers e as elétricas. “Todo fluxo de caixa de longo prazo, como os pedágios das rodovias da CCR e os aluguéis dos shoppings, vale mais quando o juro cai, porque a taxa de juros é usada para calcular o valor presente deste fluxo,” explica um gestor.

A palidez da economia — que ficou mais evidente com o fim da Copa — contribui para a aposta de que o Banco Central vai reduzir a Selic em setembro, apesar da inflação estar mordendo o Copom no rosto.

“Estamos no meio de uma forte desaceleração econômica, e os números que estão pra sair devem vir bem ruins,” diz outro gestor.Aécio Neves

Mas ainda que o Copom de setembro tenha alguma relevância, o grande evento que vai mesmo definir a aposta nos juros — um mercado que movimenta muito mais dinheiro que a Bolsa — será o resultado das eleições de outubro.

“Para quem olha a curva de juros, o cenário é binário,” diz um gestor. “Com uma vitória da Dilma, a gente vai ter um movimento igual aquele símbolo da raiz quadrada: uma queda pequena nos juros de curto prazo, justificada pela fraca atividade corrente, e depois uma pernada pra cima grande.”

Enquanto a queda do juro à vista (a Selic) é uma decisão do BC, a ‘pernada’ para cima nos juros de longo prazo vai ser obra do próprio mercado. Preocupados que um Governo Dilma 2 seja incapaz de conter despesas e equilibrar as contas do País, os compradores de títulos públicos vão querer cobrar mais caro para financiar o Estado, fazendo os juros de mais longo prazo subir na BM&F Bovespa.

“Mas se realmente ficar claro que vai haver uma vitória do Aécio, a coisa é o contrário,” diz o gestor.

Por esta tese, o economista Arminio Fraga, universalmente visto como futuro Ministro da Fazenda ou presidente do BC num governo tucano, vai subir os juros logo no início do governo para resgatar a credibilidade do sistema de metas de inflação.

Mas enquanto Fraga faria os juros de curto prazo subir, a chamada curva longa — os juros de longo prazo — afundaria, dado que os investidores veriam com confiança o ajuste fiscal.