A Azevedo & Travassos acaba de anunciar que assinou um MOU vinculante para uma operação que vai culminar na cisão de sua vertical de petróleo e na fusão do restante dos negócios (a Heftos e a construtora) com duas outras companhias.
A fusão será feita com a MKS, uma empresa de manutenção industrial controlada pela Reag Investimentos, de João Carlos Mansur, e com a Aviva, uma concessionária de saneamento controlada pela 4i Capital.
Os termos da fusão ainda não foram divulgados e vão depender da due diligence e do laudo de valuation, mas o chairman da Azevedo, Gabriel Freire, disse ao Brazil Journal que as duas gestoras ficarão com o controle da empresa, com a Reag liderando o bloco. Toda a dívida ficará na “velha” Azevedo; a companhia de petróleo nasce com endividamento zero.
Hoje Gabriel tem 51% das ações votantes e 30% do capital total da Azevedo. O empresário Nelson Tanure tem 5%, e o restante está nas mãos de 22 mil investidores.
A MKS tem sinergias claras com a Heftos. As duas operam no mesmo mercado, mas enquanto a Heftos é focada na manutenção de plataformas de petróleo offshore e tem como seu maior cliente a Petrobras, a MKS é focada na manutenção industrial onshore, atendendo clientes como a Braskem e a Alumar, um consórcio entre as mineradoras Alcoa, South 32 e Alcan que opera em São Luís.
“O portfólio deles é muito complementar ao da Heftos e não existe uma sobreposição de atuação,” disse Gabriel. “E hoje o mercado da Heftos está mais fraco, porque os descomissionamentos das plataformas foram adiados de 2023 para este ano, e devem ser adiados de novo para 2025. Toda a capacidade ociosa que temos hoje vai poder ser aplicada num novo mercado, o da MKS, que está extremamente aquecido.”
A MKS faturou R$ 230 milhões no ano passado, com uma margem EBITDA de 14%. A empresa tem um backlog de mais de R$ 1 bilhão e espera faturar R$ 500 milhões este ano.
Já a Heftos teve um faturamento praticamente igual, mas um backlog muito menor, de cerca de R$ 300 milhões.
A Aviva, por sua vez, tem sinergias importantes com a vertical de construção da Azevedo & Travassos. A concessionária tem participação em cinco concessões de saneamento e faturou R$ 23 milhões ano passado, com margem EBITDA de 24%, mas a cobertura de suas concessões ainda é muito baixa: apenas de 14% no esgoto e 80% na água.
Para atingir a universalização em 2033, as concessionárias em que a Aviva participa terão que investir cerca R$ 1 bilhão ao longo dos próximos seis anos. A sinergia com a Azevedo entra aí.
“Com a Azevedo, podemos tornar essas obras mais eficientes, maximizando o valor da operação. Ao mesmo tempo, a atividade da construção passa a ser retroalimentada pela concessionária,” disse Vaney Iori, da 4i Capital, uma gestora especializada em saneamento e crédito privado.
Depois que finalizar o capex, Vaney disse que o faturamento da Aviva deve dobrar e que a margem deve subir para algo entre 50% e 55%, em linha com a média do setor.
Segundo Vaney, o plano é entrar em novos leilões de saneamento — há R$ 35 bi a serem leiloados nos próximos 12 meses — e de rodovias — que tem R$ 40 bi previstos.
Gabriel, o chairman da Azevedo, disse que os dois ativos “são um catalisador para o meu plano de transformar esta companhia num consolidador de oportunidades no mercado de infraestrutura, com um escopo de atuação mais amplo.” Já a Azevedo “é um catalisador para o acesso deles ao mercado de capitais.”
A Azevedo & Travassos fechou o pregão de ontem valendo R$ 280 milhões na B3.