As fabricantes brasileiras de autopeças devem sofrer pressão em suas margens de lucro nos próximos trimestres — e a culpa é da China.
Num relatório publicado hoje, o Bradesco BBI disse que as empresas brasileiras conseguiram ganhar participação de mercado das chinesas e expandir suas margens durante a pandemia.
Agora, “esse período parece ter acabado,” escreveu o analista Victor Mizusaki.
Ele nota que as exportações de autopeças e de veículos da China saltaram, respectivamente, de US$ 57 bilhões em 2019 para US$ 86 bilhões agora, e de US$ 15 bi para US$ 94 bi.
Uma parte importante desse crescimento veio dos carros elétricos (EVs), com a exportação de baterias disparando 714% no período. Mas a retomada não é limitada aos EVs, com a exportação de freios subindo 106% e a de partes de motores, 38%.
Para o Bradesco, as duas empresas brasileiras que mais devem sofrer com esse cenário são a Metal Leve e a Fras-le, uma subsidiária da Randon.
Na pandemia, a Metal Leve e a Fras-le conseguiram aumentar suas margens EBITDA em 4,6 e 6,6 pontos percentuais, respectivamente.
“Ganhos de escala, eficiência operacional, sinergias e o mix de receitas são algumas das razões por trás dessa melhora. No entanto, na nossa visão, a competição limitada da China — por conta das disrupções da cadeia de suprimentos — também explica essa expansão,” escreveu Mizusaki.
Agora que a China está de volta ao jogo, o Bradesco estima que a Fras-le e a Metal Leve vão perder 0,4 ponto e 3,3 pontos de margem EBITDA em 2024 na comparação anual.