Uma política criada para incentivar o consumo de combustíveis renováveis nos Estados Unidos está sufocando as refinarias de pequeno e médio porte no País.
O New York Times mostrou a situação da CVR Energy: a refinaria vai gastar este ano US$ 235 milhões com a compra de créditos de etanol, quase o dobro do que gastou em 2015.
Pior: o gasto com a compra de créditos de etanol vai ser maior do que os custos da empresa com mão de obra, manutenção e energia somados.
As refinarias independentes respondem por cerca de metade do combustível consumido nos Estados Unidos e viram seus lucros despencar neste ano graças à queda no preço do petróleo e da gasolina.
A disparada do preço dos créditos de etanol está piorando um cenário que já era dantesco.
Um programa federal lançado em 2005 obriga refinarias e importadoras de combustíveis a atingir uma cota de biocombustíveis – nos EUA, representados quase integralmente pelo etanol de milho – por meio da mistura de aproximadamente 10% à gasolina e ao diesel.
Caso não consigam cumprir com esses volumes mínimos, as refinarias precisam comprar créditos de empresas que cumpram. Quem faz a mistura pode vender o crédito direto para a refinaria ou… para investidores financeiros, o que gerou um mercado de negociação ainda pouco transparente. Os créditos são conhecidos como RIN, sigla para Renewable Identification Numbers.
Em 2013, uma bolha no mercado de RINs já mostrou como o mercado de créditos pode ser volátil. Naquele ano, os preços foram de 5 centavos para quase US$ 1,50 por galão, e em seguida entraram em colapso, fechando o ano abaixo de 25 centavos. Agora, com a expectativa de aumento de mistura de etanol nos próximos anos, os investidores estão segurando os créditos, na expectativa de que os preços voltem a disparar.
“Os créditos deveriam estar negociando de 20 a 30 centavos de dólar, não no patamar atual de 70 a 80 centavos. Qualquer valor acima deste custo de produção é devido à escassez e à especulação”, George Damiris, CEO da HollyFrontier, que opera cinco refinarias, disse ao Times.
As refinarias reclamam que os créditos são vendidos em transações privadas, e que a EPA (a Agência de Proteção Ambiental) não está equipada para supervisionar este mercado.
Com margens historicamente baixas, elas não fazem a mistura porque precisariam investir em novas instalações resistentes ao etanol, que tem alto poder de corrosão – o que seria economicamente inviável aos preços atuais.