A United Airlines vai levantar US$ 1 bi — para continuar não voando.
A notícia da oferta de ações, que será no preço do fechamento de hoje, saiu depois do pregão, e o papel caiu 6% no after-market. Desde o início do ano, a empresa já perdeu mais de 70% de seu valor.
Nesta semana, a United começou a receber parte dos US$ 25 bi em empréstimos que o governo americano está dando às áereas para ajudá-las a pagar os salários dos funcionários até setembro.
No contexto atual, US$ 1 bi faz cócegas?
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As vendas globais da Coca-Cola estão em queda de 25% este mês, em volume.
A companhia inicialmente se beneficiou da corrida dos consumidores para estocar produtos.
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Apesar do impacto, o CEO James Quincey acha que a reabertura das economias precisa ser feita gradualmente e com muito cuidado.
“As pessoas precisam reconhecer que o restart da economia terá que ser feito em fases. Elas também precisam estar cientes que em alguns países pode haver retrocessos no meio do caminho conforme o vírus for ressurgindo,” Quincey disse à CNBC.
Ele notou que Japão e Singapura, que haviam retirado as políticas de lockdown, tiveram que ajustar suas abordagens depois que novos casos surgiram.
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Na contramão dessa visão, Barry Sternlicht tem pressa.
Para o veterano investidor imobiliário, que no Brasil investe na Log Commercial Properties, os países precisam começar a reabrir as economias imediatamente, “CEP por CEP, com a ajuda dos prefeitos e governadores, e mantendo o distanciamento físico.”
“O custo é muito grande. O governo não tem como carregar nas costas uma economia de US$ 23 trilhões,” disse o chairman e CEO da Starwood Capital Group, referindo-se ao PIB americano. “Há um suicídio financeiro e a morte de pequenas negócios e restaurantes que precisam ser levados em conta.”
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Numa entrevista à CNBC, Barry disse que 95% dos inquilinos dos prédios comerciais da Starwood pagaram aluguel normalmente este mês. Nos prédios de apartamentos, 92% pagaram em dia. A única exceção do portfólio: empresas como WeWork e Regus, que estão usando a crise para renegociar aluguéis em prédios onde já estavam perdendo dinheiro.
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A Wynn Resorts, dona de vários cassinos, publicou um livro de 32 páginas sobre como reabrir um cassino com segurança. “Se eles podem fazer isso com um cassino, podemos fazer isso com os hotéis. Pode ser que tenhamos que medir a temperatura de quem entra e ter um selo verde de melhores práticas.”
Segundo o investidor, o CEO de uma empresa hoteleira disse a ele, “Vamos ter que aprender a operar hoteis com 35% de ocupação, depois 55% de ocupação, de forma que um full-service hotel vai parecer um hotel de serviços limitados, porque o restaurante não vai estar funcionando.”
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Barry articulou o argumento de que a humanidade está tendo que escolher entre duas formas de morrer.
“Não estou dizendo que devemos reabrir às cegas, mas com método. Se os supermercados estão abertos com distanciamento físico de seis pés, por que você não pode fazer isso na GAP, no shopping, ou na Macy’s? Você pode não chamar isso de serviço essencial, mas é um serviço essencial que a Macy’s e seus mais de 100 mil funcionários voltem ao trabalho, senão essas empresas vão morrer e você não poderá reabri-las. Vai haver carnificina em todo lugar, e você tem que olhar para o custo social disso versus o custo humano, que é horrível, eu sei.”
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Enquanto isso, a corrida pela vacina começa a ganhar tração.
A chinesa CanSino Biotech, a empresa mais avançada no desenvolvimento de uma vacina, entrou semana passada na fase 2 do clinical trial.
“A fase 1 mostrou resultados positivos e que a vacina é segura para as pessoas. Agora, já fizemos os testes clínicos na China e estamos expandindo e recrutando mais pessoas para fazer os testes na Europa e nos Estados Unidos,” Pierre Morgon, um executivo da empresa, disse hoje numa call do Itaú BBA.
No cenário mais otimista, Pierre acha que a vacina pode estar pronta para ser vendida em agosto ou setembro. No pior cenário, se as ‘front runners’ enfrentarem problemas, a vacina só chegaria ao mercado ano que vem.
Ainda assim, ele pondera que há risco da vacina não ser ‘100% efetiva’, como já aconteceu em outras situações, e que por isso é fundamental que se continue pesquisando o tratamento da doença.
A CanSino tem um histórico de pesquisas bem sucedidas: ela tem um portfólio com dezenas de medicamentos e desenvolveu, por exemplo, a vacina para a Ebola — usada pelas autoridades e tropas chinesas na África.
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Pierre, que tem mais de 30 anos na indústria, disse que a velocidade com que esta vacina está sendo desenvolvida não tem precedente na história.
Para criar a vacina para a Ebola, por exemplo, a CanSino levou três anos e meio, o que, segundo ele, já foi completamente fora da curva. (Tipicamente, o desenvolvimento leva de 10 a 12 anos).
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No caso do amor não correspondido entre Eneva e AES, o BNDES passou o dia mandando recados.
Numa carta enviada à diretoria e ao conselho da AES Tietê, o diretor do banco, Leonardo Cabral, disse que o conselho da geradora tem o “dever fiduciário” de convocar uma assembléia para discutir a proposta da Eneva, e exigiu a convocação de uma AGE como o foro adequado para a apreciação da proposta.
A carta vem dois dias depois do conselho da Tietê rejeitar por unanimidade a proposta da Eneva e após a AES Corp, controladora da Tietê, questionar o poder dos preferencialistas de decidirem sobre a incorporação. Na opinião do banco, as PNs decidem sim.
Cabral também disse que Sérgio Weguelin — conselheiro da Tietê indicado pelo BNDES e que votou contra a proposta da Eneva — é um conselheiro independente e sua posição não representa a do banco.
Uma guerra em meio a uma pandemia… #peace