As ações da Copel dispararam hoje depois que a empresa informou que seu controlador – o Estado do Paraná – estuda uma operação no mercado de capitais para “otimizar sua participação” na elétrica.

O governo do estado também disse que pretende “preservar participação societária relevante” na companhia.

Para os analistas do Itaú BBA, o estado vai analisar tanto a venda de ações excedentes ao controle quanto a privatização da companhia, nos moldes do que foi feito na Eletrobras – mas ainda é cedo para dizer se haverá a venda do controle.

“O comunicado acabou sendo ambíguo. Ele poderia ter dito que pretende manter participação de controle na companhia. Como não disse isso, o mercado passou a especular com a possibilidade de privatização,” disse um gestor. “Mas eu aposto mais na venda de ações excedentes ao controle, porque o governador já havia sinalizado isso em reuniões reservadas com investidores.”

A ação PNB da Copel, a mais líquida, sobe hoje 9,8% e negociava  R$ 440 milhões – 3x mais do que ontem – perto das 16h. O papel ON tinha alta de 11,2%, com giro de R$ 46 milhões.

Outro gestor, que também aposta mais na venda parcial de ações, disse que o governador reeleito, Ratinho Junior (PSD), pode acompanhar a repercussão da eventual privatização da Sabesp e da Copasa para então decidir seguir o mesmo caminho.

O governo paranaense detém 69,7% das ONs e 6,9% das PNs da Copel, o que equivale a 31,1% do capital total da companhia.

Há dez dias, Ratinho Junior disse numa entrevista ao Valor que não tem planos de privatizar a Copel, mas ressaltou que poderia rever essa posição numa eventual mudança de cenário. A reportagem destacou que essa era uma rara indicação do governador de que a privatização não está totalmente descartada.

Outro acionista relevante da Copel é o BNDES, que tem 12,4% das ONs e 31% das PNS, ou 24% do capital total  – o banco  já informou desde 2020 que deseja vender a participação.

Em 2021, a Copel aderiu ao Nivel 2 de Governança da Bolsa e passou a negociar também units. Depois dessa mudança, estava no radar um follow on para  a venda da participação do BNDES, que acabou não se concretizando ainda por conta das condições de mercado –  a ação chegou a ficar abaixo do valor patrimonial.

O Estado do Paraná chegou a afirmar que poderia vender ações nessa oferta, mas voltou atrás e disse que não acompanharia o follow-on do BNDES no fim de 2021.