A Copel comprou dois complexos eólicos da EDP Renováveis numa transação que adiciona 260 MW à sua capacidade de geração e cria sinergias operacionais com o portfólio da companhia.

Os dois ativos, localizados no Rio Grande do Norte, foram avaliados num enterprise value de R$ 1,8 bilhão – R$ 965 milhões em equity e o restante em dívidas de longo prazo com o BNB a um custo baixo (IPCA + 2% em média). 

Os dois complexos são o Santa Rosa & Mundo Novo (155 MW de capacidade em cinco parques) e o Aventura (105 MW em quatro parques). 

O Aventura fica a menos de 30 quilômetros de outro complexo eólico da Copel (o Jandaíra), o que deve gerar sinergias relevantes, o CEO Daniel Slaviero disse em call com analistas hoje cedo. 

“É uma sinergia operacional bem grande e um fator de diferenciação quando olhamos para o ativo,” disse ele. 

A Copel está estimando uma diluição de custos fixos de R$ 3 milhões por ano e um benefício de O&M (operações e manutenção) de R$ 6,3 milhões/ano. 

A aquisição faz parte da estratégia da Copel de crescer em energia eólica e solar, diversificando suas fontes para além da geração hidráulica. Hoje, as fontes renováveis não-hidráulicas já respondem por 17% da capacidade da empresa, e a meta é chegar a 25% em cerca de três anos. 

A Copel tem uma capacidade total de 6,4 GW, dos quais 1,1 GW vem de fontes eólicas (considerando os ativos comprados hoje). 

O CEO disse que a aquisição foi feita a uma taxa interna de retorno (TIR) real de “dois dígitos”, e que vai gerar “muito valor” para a companhia. 

Considerando uma aquisição não alavancada e nenhum crédito fiscal, o BTG calculou uma TIR de 10,3% – “em linha com o guidance da Copel e acima da TIR de 9,2% que a empresa negocia hoje na Bolsa.”

Essa TIR, no entanto, deve ser maior – já que a companhia disse que pretende alavancar a holding para pagar a parte de equity. Segundo o CEO, a estrutura vai variar dependendo da condição de caixa da empresa no momento do closing, mas a parte de dívida deve ficar entre 50% e 100%. 

Na call com analistas, o CEO da Copel disse que está em negociações para outros M&As em geração e que também estuda participar dos próximos leilões de linhas de transmissão. 

Para a EDP Renováveis, a venda faz parte de sua estratégia de rotação de capital. No ano passado, a companhia portuguesa disse que pretende vender 8 bilhões e usar esses recursos para financiar a construção de outros ativos. 

A XP foi o assessor financeiro da Copel.