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Os controladores de empresas têm tido aquilo que Eduardo Cunha chamava de ‘mão boa’ para justificar seus ganhos no mercado financeiro.

A compra de ação por parte de insiders — controladores e executivos de empresas listadas — é frequentemente usada como um sinal de confiança no negócio, e, na Bovespa pós-Dilma, essa observação empírica tem sido validada: tem sido um ótimo negócio investir com os donos das empresas durante aumentos de capital.

Levantamento feito pelo investidor Tiago Reis mostra que a maioria das empresas que fizeram aumentos de capital desde novembro viram suas ações performar melhor do que o índice desde então. 

Os controladores têm acompanhado estes aumentos de capital, e, em seis de sete casos, a ação andou mais que o índice Bovespa (veja tabela abaixo).

É claro que, para quase todas estas empresas, os ganhos recentes vieram depois de quedas traumáticas, ou seja: foi um péssimo negócio estar com o controlador antes da oferta. Além disso, ninguém deveria ler esses resultados como uma regra que leva ao pote de ouro no final do arco íris. Este tipo de observação deve ser usado com parcimônia e colocado como apenas mais uma informação no mosaico complexo que é investir.

Reis cita dois exemplos que marcaram um (penoso) ponto de inflexão para as ações.

A Metalúrgica Gerdau, holding que controla a Gerdau SA, fez uma oferta de ações em novembro. Os controladores investiram cerca de R$ 250 milhões a um preço de R$1,80 por ação ordinária da holding. As ações hoje negociam a R$ 2,60, um lucro de mais de R$ 100 milhões à família Gerdau. Mas a ação havia implodido antes: uma queda de mais de 80% nos 12 meses anteriores à oferta.

Outra empresa que fez uma operação semelhante foi a Randon. A família Randon investiu cerca de R$15 milhões em uma oferta de ações no mês passado, pagando R$2,27 por ação. Menos de um mês depois, a ação já negocia a R$4,60 — mas havia caído 30% nos 12 meses antes da oferta.

Mas é possível, ainda, que tudo seja uma questão de sorte.

“As companhias que precisaram de aumento de capital eram justamente as mais problemáticas,” diz um gestor. “Quando ficou claro que o Brasil não ia quebrar, essas empresas performaram melhor porque vinham de um valuation mais deprimido e houve uma reversão das expectativas.”

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