A Anheuser-Busch InBev (ABI) acaba de anunciar uma renovação limitada de seu conselho — longe da guinada que muitos esperavam. 
 
Além de Olivier Goudet, cuja saída já havia sido anunciada, estão deixando o board Alexandre Behring, Stéfan Descheemaeker e Carlos Alberto Sicupira.
 
Para o cargo de diretor independente deixado vago por Goudet, a companhia está indicando Xiaozhi Liu, uma engenheira alemã nascida na China que fundou e preside a ASL, uma empresa que presta serviços à indústria automobilística. Ela já é conselheira da Autoliv, uma empresa sueca que fabrica equipamentos de segurança para automóveis, e do Fuyao Glass Group, que fabrica vidro para montadoras.  (Chute:  ela é a ‘pessoa que entende a China’ no board.)
 
A companhia nomeou Claudio Garcia, Sabine Chalmers e Cecilia Sicupira para ocupar os assentos que ficarão vagos.
 
Claudio, que começou como estagiário na velha Brahma com Marcel Telles, está no grupo há quase três décadas.  É o braço direito de Marcel.  Seu cargo mais recente, que ele deixou em janeiro, foi o de chefe de recursos humanos da ABI.  Ele é membro do conselho das Lojas Americanas e chairman da Fundação Telles.
 
Cecilia Sicupira, filha de Beto, é o segundo membro da segunda geração do trio da 3G a ocupar um assento no conselho da ABI, sinalizando que a passagem do bastão continua a avançar. Ela já está nos conselhos da Ambev e das Lojas Americanas, e já teve assento na São Carlos e na Restaurant Brands International (RBI), controladora do Burger King.
 
Sabine Chalmers é a vp jurídica do BT Group, a antiga British Telecom. Para ela, a nomeação para o board da ABI marca uma volta para casa: ela foi a chefe do jurídico e secretária do conselho de 2005 a 2017.
 
Last but hardly the least, o novo chairman da companhia será Martin “Marty” Barrington, que foi CEO e chairman da Altria por seis anos.  Barrington se aposentou em maio do ano passado depois de trabalhar 25 anos na Altria — a antiga Philip Morris — e faz parte do conselho da ABI desde a compra da SAB Miller em outubro de 2016.  A Altria — que era uma das maiores acionistas da SAB — ficou com 9,6% da ABI.
 
Quando Barrington era CEO da Altria, a companhia lutava com os mesmos desafios da ABI:  volumes em queda (que precisavam ser compensados por preços cada vez mais altos) e a necessidade de diversificar o negócio para novos produtos e categorias.
 
Segundo o The Wall Street Journal, na gestão dele, “a Altria trabalhou para desenvolver maneiras de produzir cigarros de nicotina reduzida, acelerar seus negócios de cigarros eletrônicos e trabalhou para convencer a Food and Drug Administration de que deveria poder vender o IQOS nos EUA como um produto mais seguro que os cigarros tradicionais.”
 
A assembléia de acionistas que ratificará as mudanças está marcada para 24 de abril.