Quando a Supley foi fundada, em 2006, o mercado brasileiro de suplementos era dominado por empresas estrangeiras — que tinham um share de mais de 80%.

Quase 20 anos depois, o jogo virou — e essa fatia hoje não passa de 5%.

A valorização do dólar, que encareceu os produtos importados, ajudou. Mas parte do mérito dessa transformação é da Supley, que trabalhou para conquistar um market share hoje em torno de 25%, com um faturamento de quase R$ 1 bilhão no ano passado.

A empresa é dona da marca Max Titanium, uma das mais consumidas pelos ratos de academia; da Dr. Peanut, focada em pastas de amendoim e adquirida no ano passado; e da Probiótica, a mais antiga fabricante de suplementos do País, fundada nos anos 80 e comprada pela Supley em 2018.

Fundada em Matão, no interior de São Paulo, a Supley nasceu da cabeça de dois irmãos e uma amiga que sonhavam em empreender e viram no mercado de suplementos um nicho pouco explorado.

Os três — os irmãos Alberto e Carlos Moretto e Mariane Morelli — começaram a Supley com capital próprio e nunca levantaram dinheiro com terceiros, nem dívida, nem equity

Alberto Moretto

A primeira fábrica foi construída num prédio antigo da família de Mariane, de 600 metros quadrados, e a sede da Supley continuou por lá até 2012.

“Nessa época, estávamos com um faturamento um pouco maior, de uns R$ 30 milhões por ano, e vimos que precisávamos ampliar,” Alberto disse ao Brazil Journal. “Compramos um terreno de 20 mil metros quadrados na cidade e construímos uma fábrica nova lá.”

O timing foi perfeito. 

Pouco depois de abrir a nova fábrica, a Supley viu um boom de demanda depois que uma reportagem colocou um de seus produtos no topo do ranking dos melhores suplementos do Brasil. 

“Aquilo foi um marco pra gente. Deu uma visibilidade nacional muito grande,” disse o fundador.

Em 2015, a Supley já era a terceira do mercado. Hoje é a segunda maior, atrás apenas da Integralmédica, controlada pela família Bragança e com uma fábrica em Embu-Guaçu, na região metropolitana de São Paulo.

A meta é chegar ao topo. 

A Supley quer faturar R$ 1,1 bilhão este ano, em comparação aos R$ 977 milhões do ano passado, e crescer seu top line em 25% em 2025. Parte desse crescimento virá de novos M&As.

Alberto disse que a Supley está buscando aquisições em saúde e bem-estar, tanto de produtos que estejam dentro dessas categorias quanto de empresas de tecnologia, como um app de saudabilidade. 

Neste momento, a companhia tem dois NDAs assinados com empresas de snacks saudáveis, e espera fechar pelo menos uma aquisição este ano.  

Em dezembro, a Supley chegou a contratar o Itaú BBA para mapear alternativas estratégicas para seu crescimento, incluindo um IPO, um private equity ou uma aliança com um player estratégico. 

Alberto disse que ainda não há uma decisão dos sócios sobre o caminho a seguir, e que os alvos que a Supley está negociando (empresas com faturamento de R$ 15 milhões a R$ 50 milhões) podem ser comprados com a geração de caixa do negócio.

“Se aparecer um M&A transformacional, levantar capital de terceiros pode se tornar algo mais urgente. Mas não é o caso hoje,” disse ele. 

A empresa também espera um crescimento orgânico relevante, dado que o Brasil está 10 anos atrás do mercado americano, que ainda cresce a dois dígitos. 

A expansão orgânica hoje está centrada na distribuição dos produtos. A Supley entrou recentemente nos canais farma e alimentar, vendendo seus produtos em redes como Sam’s Club, Raia Drogasil e Carrefour. 

A tese é que o mercado de suplementos todo dia ganha novos consumidores, e esses canais são a porta de entrada perfeita. “Esses canais podem pegar muito esse novo consumidor, que pode levar um pote para experimentar,” disse Alberto. 

Nestes canais, a Supley opera com a marca Probiótica, que está posicionada como uma marca “para todos os esportes”. Já a Max Titanium é uma marca mais especializada, voltada para quem gosta de praticar academia. 

Outro plano é expandir o portfólio de produtos da Dr. Peanut, sempre com uma pegada de saudabilidade aliada à indulgência. 

“Lançamos um alfajor, por exemplo, que é zero açúcar e está indo muito bem. Temos um projeto de uma barra de proteína também para lançar em breve,” disse o fundador.