Um brasileiro vai tocar a operação da NBA no Canadá – o único país que tem um time ‘não USA’ disputando a tradicional liga do basquete americano.
A NBA escolheu Arnon de Mello para comandar toda a sua operação nas Américas – com exceção dos EUA.
Arnon continuará como vice-presidente da NBA e managing director para a América Latina, e agora acumulará a operação canadense.
Rodrigo Vicentini e Raul Zarraga, que tocavam as operações de Brasil e México, deixaram suas posições (e Vicentini deixou a empresa).
“Fizemos uma reformulação após o novo acordo de mídia global,” Arnon disse ao Brazil Journal, referindo-se ao maior contrato de transmissão de jogos da NBA, assinado em julho. “Não fazia mais sentido ter operações diferentes e eu voltarei a ficar mais próximo da operação.”
A NBA vendeu seus direitos para os próximos 11 anos por US$ 77 bilhões para a Disney, NBCUniversal e a Amazon. O contrato, que aumentou a receita média anual da liga com transmissão em 2,5x, começa a valer na temporada 2025/26.
Segundo Arnon, o aumento da penetração da NBA fora dos EUA – em especial no Brasil e México – foi um grande motivador para o recorde estabelecido no novo contrato, já que nos mercados mais maduros há menos espaço para crescimento.
Dados levantados pelo site Sports Media Watch mostram que os playoffs da última temporada da NBA tiveram uma queda de 12% em relação à temporada anterior.
O Brasil, por sua vez, segue em rota contrária. O País se tornou o terceiro maior mercado da NBA, atrás apenas de EUA e China, e o México vem logo em seguida.
Na temporada passada, o número de horas assistidas de jogos ao vivo da NBA no Brasil cresceu 51%. Além disso, houve um aumento de 28% no número de assinantes do NBA League Pass – o streaming exclusivo da liga.
O Canadá, apesar de ter uma audiência menor do que o Brasil e o México, tem uma receita maior. A explicação é óbvia: a equipe do Toronto Raptors, que inclusive venceu seu primeiro título em 2019.
Arnon disse que foi convidado a assumir a operação após uma reformulação no escritório canadense – e o sucesso visto na operação brasileira ajudou na promoção.
O executivo – que abriu o escritório da NBA no Brasil em 2012 – foi um dos principais responsáveis pelo salto que a franquia deu no País desde então.
Mesmo sem jogadores brasileiros de destaque, a liga americana mais que dobrou sua base de fãs brasileiros de 2017 a 2023, segundo uma pesquisa feita pelo Ibope. Hoje são 46,1 milhões de brasileiros que se consideram fãs da NBA.
A NBA hoje tem 33 lojas no Brasil, todas franquias.
Na última temporada – de outubro de 2023 a junho deste ano – as vendas nestas lojas subiram 51% em relação ao ano anterior.
“Nossa intenção é intensificar essa expansão de lojas no Canadá,” disse Arnon. “A abertura de novas lojas é vista na NBA como uma grande oportunidade.”
Uma invenção brasileira tem sido exportada: a NBA House. Em 2017, a operação brasileira criou um casa conceito para que os fãs pudessem assistir às finais da NBA – os ingressos, que eram gratuitos, acabaram em minutos, e passaram a ser cobrados.
Este ano, 45 mil pessoas pagaram ingressos de R$ 150 por dia para assistir aos cinco jogos da final entre Boston Celtics e Dallas Mavericks na NBA House.
“Vamos expandir essa plataforma para países como México, Chile e Argentina,” disse Arnon.
A NBA também pretende popularizar outras ligas em que tem participação, como a WNBA (de mulheres), a G League (de calouros) e a Basketball Africa League, que a própria NBA criou no continente africano.
“Vamos aumentar o foco da distribuição de outros produtos, pois o nosso desafio para o próximo ciclo vai ser encontrar novas fontes de receita,” disse.
A NBA também deve aumentar o número de eventos no Brasil e no mundo.
Algumas ideias já surgiram, como organizar novas versões da NBA House para outros momentos marcantes da temporada, como o All-Star Game e a final da NBA Cup, um torneio intertemporada criado pela liga para, simplesmente, gerar mais dinheiro.
Além disso, a NBA também estuda a criação de uma liga na Europa e vê potencial para explorar a Índia, um mercado ainda esquecido.
“Há muito potencial,” disse Arnon. “Mas o que mais me anima é que dos cinco maiores mercados do mundo, três estão conosco: Brasil, México e Canadá.”