As emissões de bonds por empresas brasileiras esquentaram nas últimas semanas — com diversas companhias indo ao mercado levantar recursos. 

A corrida tem uma explicação simples: com o consenso do mercado sobre uma redução iminente dos juros pelo Fed, os investidores estão buscando travar a taxa antes que ela caia. 

Além disso, a partir da semana que vem começarão a sair diversos indicadores econômicos americanos – o que pode prejudicar as emissões dependendo dos resultados. 

“Todos os bancos falaram pra gente que o melhor momento para captar era nesta semana,” Eduardo Haiama, o CFO da Eletrobras, disse ao Brazil Journal.

Deu certo. A Eletrobras captou hoje US$ 750 milhões com um bond de 10 anos precificado a um yield de 6,75%, um prêmio de 65 basis points em relação ao título soberano.

A demanda superou em mais de 3 vezes o tamanho da oferta, e a companhia vai usar os recursos para pagar um bridge loan que havia levantado recentemente e financiar obrigações normais da operação. 

A Eletrobras tem outros dois bonds no mercado: um de US$ 500 milhões que vence em 2025, e um que vence em 2030. 

Outra empresa que aproveitou essa janela para captar no exterior foi a Petrobras, que levantou ontem US$ 1 bilhão com uma emissão de 10 anos a um yield de 6,25%. 

O book foi de US$ 2,8 bi, também superando em quase 3x a oferta, segundo o REDD, um site de referência no mercado de dívidas que deu a notícia em primeira mão.  

A Petrobras vai usar boa parte dos recursos para pré-pagar dívidas que vencem a partir de 2030 e que carregam um custo maior. 

Já a Suzano fez um roadshow na China na semana passada para um bond de 3 a 5 anos que levantará ao redor de US$ 200 milhões, mas o papel – conhecido no mercado internacional como um ‘panda bond’ – só deve ser precificado em outubro, depois que a empresa obtiver as aprovações regulatórias. 

Segundo o REDD, há pelo menos 11 empresas latinoaemericanas que já captaram ou estão tentando fechar emissões esta semana. 

Além dos nomes brasileiras, a lista de emissores inclui: a YPF (US$ 500 milhões); a mineradora chilena SQM (US$ 850 milhões); Pampa Energía (US$ 410 milhões); a República Oriental do Uruguai (US$ 1,25 bilhão); o BCI, um banco peruano (US$ 500 milhões); BBVA México (US$ 600 milhões); a CAF, o banco de fomento latinoamericano (US$ 1 bilhão); a Murano, uma varejista mexicana (US$ 300 milhões); e a geradora de energia colombiana Termocandelaria (US$ 425 milhões).