Após passar por um processo de turnaround profundo, a Marisa acaba de reportar um segundo tri com forte crescimento das vendas no conceito ‘mesmas lojas’, e seu terceiro balanço seguido com o bottom line no azul.

A varejista reportou uma alta de 23,3% no SSS em comparação ao ano passado. A receita líquida, por sua vez, subiu 22,9%, chegando a R$ 395 milhões.

O CEO Edson Garcia disse ao Brazil Journal que essa alta aconteceu tanto pela base mais fraca no ano passado, quando a Marisa teve problemas com os seus estoques, quanto pelo crescimento das vendas no Dia das Mães e na linha infantil.

Com uma melhor exposição dos produtos nas lojas, a receita da categoria infantil teve alta de 116% e passou a representar 15% da receita da Marisa – o dobro da participação desde a chegada de Garcia, em março do ano passado. 08 11 Edson Garcia ok

O CEO enxerga potencial para que essa fatia alcance até 20% nos dois próximos anos.

Ao longo do último ano, a Marisa apostou numa estratégia para rejuvenescer a marca com coleções mais modernas,  buscando atrair mulheres a partir dos 20 anos. Hoje a maior parte das consumidoras da Marisa é formada por mulheres entre 30 a 50 anos.

Por isso, atrair as mães faz sentido, disse o CEO. Numa pesquisa recente realizada com clientes, a Marisa descobriu que 70% de suas consumidoras têm um ou mais filhos – que precisam trocar de roupa com mais frequência. 

“Conseguimos ampliar a sacola das mães, que fazem compras para elas também,” disse Garcia. “Somente no Dia das Mães, houve um crescimento de 35% em relação a 2024, que tinha uma base forte.”

A estratégia deu resultado: o EBITDA da Marisa ficou em R$ 111 milhões – um ano antes, havia sido R$ 3 milhões negativos.

Já o bottom line ficou em R$ 2 milhões, revertendo um prejuízo de R$ 102 milhões no segundo tri de 2024. Foi o terceiro balanço seguido em que a Marisa fechou no azul.

“Eu venho dizendo que o ano passado foi de reestruturação, enquanto este é o de estabilização para 2026 chegarmos na consolidação,” disse Garcia.

No lado das despesas, o SG&A caiu 3% em relação ao ano anterior, e a participação dos custos sobre a receita caiu de 48,6% para 38,3%. 

O executivo disse que isso foi possível por causa de iniciativas como o redimensionamento das equipes, a simplificação de processos e a revisão de contratos e serviços. Além disso, os custos caíram com o fechamento de três lojas.

A Marisa encerrou o tri com 232 lojas, mas o CEO disse que não há intenção de fazer novas reduções e que é possível retomar a expansão a partir do ano que vem. Agora, no entanto, a prioridade é aumentar as vendas por metro quadrado.

“Achamos que podemos dobrar as vendas por loja no atual formato ao melhorar o mix e ter uma exposição melhor dos produtos,” disse.

Uma das apostas da varejista é a expansão do cartão Marisa, agora sob responsabilidade da Credsystem, que acaba de chegar a 1 milhão de clientes e respondeu por 27% das vendas. A base ativa do cartão subiu 70% ano contra ano.