Os engarrafadores da Coca-Cola no Brasil vão passar a distribuir a Estrella Galicia no país já no mês que vem, em mais um movimento de reconstrução de portfólio depois do fim do acordo de distribuição das marcas Heineken e Amstel em julho.

O acordo de 12 anos com a Estrella Galicia — a companhia familiar controlada pelo espanhol Ignácio Rivera — é o segundo passo da Coca-Cola em direção a um portfólio de cervejas premium depois da compra da marca Therezópolis em agosto. 

Como parte do acordo com a Heineken, a Coca-Cola continuará distribuindo marcas dos holandeses: Kaiser e Bavaria, no segmento econômico; Eisenbahn e a recém-lançada Tiger, do segmento chamado de ‘upper mainstream’; e a Sol, no segmento premium.

O mercado recebeu a notícia da mesma forma que fez com o anúncio da Therezópolis, com analistas e gestores comprados em Ambev citando os volumes ínfimos da Estrella Galicia no Brasil.

Mas no Sistema Coca-Cola, a expectativa é que a Estrella possa dobrar sua produção em meses, e que os custos de produção desabem com os ganhos de escala.

“Hoje, a Estrella Galicia tem uma participação de mercado mais ou menos com a Heineken de 15 anos atrás em algumas regiões do Brasil,” uma fonte a par dos planos dos engarrafadores disse ao Brazil Journal. “É óbvio que a Coca-Cola não vai fazer uma nova Heineken na escala que os holandeses têm hoje, mas pode fazer várias ‘heinekenzinhas’.”    

A Estrella Galicia — hoje fabricada por um ‘toll packer’, uma empresa terceirizada — já anunciou por duas vezes que iria construir uma fábrica no Brasil, primeiro em 2017 e depois em 2018, mas os planos nunca saíram do papel.

Agora, o acordo com a Coca pode dar à companhia a segurança de que o investimento terá retorno.

No mês passado, o prefeito de Araraquara, Edinho Silva, disse que a empresa está prestes a anunciar um investimento de R$ 2 bilhões numa fábrica na cidade, com capacidade de 300 milhões de litros/ano.

Este seria mais um aumento da capacidade de cerveja no País — num momento em que quase todas as plantas operam perto da capacidade.

No Credit Suisse, a analista Marcella Recchia notou que, além da nova planta da Estrella Galicia, a Heineken está expandindo sua capacidade em Ponta Grossa e investindo numa nova planta em Minas Gerais, enquanto a Ambev está investindo num aumento de 10 milhões de hectolitros, incluindo 30% de aumento de capacidade para seu portfolio premium.

Como o mercado em franca expansão, o jogo de construção de portfólio da Coca pode estar apenas começando.