A ação da Nvidia voltou a negociar na máxima histórica depois que o CEO Jensen Huang anunciou um pipeline robusto de entregas para os próximos trimestres – incluindo uma nova geração de GPUs (graphics processing unit, a placas usadas em sistema de IA) que deve chegar ao mercado em 2026.
A ação fechou em alta de quase 5% a US$ 1.150, revertendo as perdas dos últimos dias e ficando a um triz da máxima de US$ 1.153 registrada semana passada.
Huang listou as novidades em sua apresentação na Computex, a feira anual de informática de Taiwan. Ele disse que a partir de agora haverá um ciclo anual de renovação das placas de processamento, e não mais a cada dois anos. Em 2025, serão lançados os Blackwell Ultra, e em 2026 chegarão ao mercado os chips da família Rubin.
O CEO reiterou o compromisso de introduzir novos produtos e serviços a cada ano – e não apenas GPUs. Além dos chips Rubin, o CEO da Nvidia disse que em 2026 deverão chegar ao mercado as CPUs da família Vera, as placas sucessoras da Grace.
“Está se aproximando o dia em que os data centers terão milhões de GPUs,” disse Huang. “Nós estaremos prontos.”
Controlando mais de 80% do fornecimento de equipamentos críticos para o desenvolvimento de inteligência artificial, a Nvidia se encontra em uma situação única, e por isso suas ações não param de subir.
Antes mesmo do evento em Taipei, o Bank of America já havia elevado o preço-alvo da ação de US$ 1.320 para US$ 1.500. Hoje, os analistas do banco disseram que a apresentação de Huang reforçou sua recomendação de ‘compra’.
“O anúncio de produtos-chave fortalece a posição de liderança da Nvidia em IA,” disseram os analistas.
A Nvidia vem construindo uma ramificação de produtos e serviços que a coloca em uma posição de dianteira em soluções para a aceleração computacional – algo essencial para sistemas de IA a cada dia mais complexos e poderosos.
Para a Goldman Sachs, os anúncios feitos por Huang “reforçam nossa visão de que a Nvidia irá se manter como o padrão de computação acelerada pelos próximos anos, na medida em que ela amplia sua vantagem de escala em R&D e herda um ciclo virtuoso baseado na grande base instalada de GPUs construída ao longo das últimas décadas.”
Em outras palavras: existe uma barreira de entrada muito alta para os concorrentes desafiarem a liderança da companhia. A Goldman, entretanto, não mexeu no preço-alvo da ação, que está em US$ 1.200.
“A Nvidia tem o melhor produto em um mercado que está se provando inelástico,” Thiago Kapulskis, do Itaú, disse ao Brazil Journal. “Não estamos vendo uma diminuição na demanda.”
Para o analista de tech, os processadores da Nvidia demonstram evolução contínua tanto em capacidade de processamento quanto em consumo de energia. Além disso, a empresa possui uma plataforma de software em que os seus clientes conseguem acelerar o desenvolvimento de novas aplicações de IA.
“O sucesso da Nvidia é proporcional ao ecossistema de inovações criadas em torno de seus produtos e serviços,” disse Kapulskis.
Na Computex, por exemplo, Huang apresentou uma nova versão do NIM, um serviço de modelos pré-treinados de IA.
“Todas as empresas querem adicionar IA generativa nas suas atividades, mas nem todas possuem uma equipe exclusiva de pesquisadores dedicados a isso,” disse Huang.
De acordo com a Nvidia, a plataforma permite que as empresas consigam gerar muito mais respostas – tokens de informação – usando a mesma infraestrutura instalada.
“O que a Nvidia vende na verdade são data centers,” disse Leonardo Otero, o gestor da Arbor Capital.
Segundo Otero, os analistas e investidores têm muita dificuldade em estimar a receita da Nvidia em meio a um mercado novo e em expansão, mas os resultados dos últimos trimestres têm batido as estimativas.
Citando números da empresa, o gestor disse que todos data centers em operação hoje valem aproximadamente US$ 1 trilhão. Segundo a Nvidia, a transição para os novos data centers de IA exigirá investimentos de US$ 1 trilhão nos próximos cinco anos, além de US$ 1 trilhão em novos servidores para atender o aumento da demanda.
Os data centers do Facebook e do Instagram, por exemplo, rodam em data centers construídos com tecnologia Nvidia.
A mais recente linguagem de IA da Meta, o Llama 3, roda num cluster com 24 mil processadores da Nvidia.
Elon Musk disse que precisará de 100 mil processadores da Nvidia para o supercomputador que está sendo construído para o Grok3, o sistema de linguagem da xAI que, segundo o fundador da Tesla, vai enfrentar os modelos da OpenAI e do Google.