Fabrício Bloisi, o fundador da Movile e CEO do iFood, está deixando o cargo para assumir o comando da Prosus — a holding de investimentos em tecnologia que controla a Movile e vale mais de US$ 95 bilhões na Bolsa de Amsterdam.

Fabricio Bloisi

No iFood, Fabricio será substituído por Diego Barreto, o atual vp de finanças e estratégia, que está há mais de 7 anos na empresa. 

A Prosus nasceu em 1997 de um spinoff da Naspers, a empresa de mídia sul-africana que decidiu separar seus ativos de tecnologia e os levou para a Bolsa. Hoje a Prosus tem um portfólio de mais de 100 empresas em diversos países, com foco em mercados emergentes, como o Brasil, China e Índia. 

O iFood é o terceiro maior investimento da Prosus, atrás apenas da Tencent, o conglomerado chinês dono do WeChat, e da Meituan, a gigante chinesa de food delivery. 

A Prosus também é investidora da PayU, a maior fintech da Índia, da OLX e da Delivery Hero, o líder de food delivery na Alemanha. No Brasil, ela investe na Creditas, Sympla e Kovi. 

À frente da Prosus, uma das decisões estratégicas que Fabrício terá que tomar é qual caminho seguir com todos os ativos de food delivery que a Prosus tem no mundo. Além do iFood, da Meituan e da Delivery Hero, a Prosus é controladora da Mr. D, o maior player desse mercado na África do Sul. 

Uma das possibilidades seria fundir todos esses negócios numa única empresa, criando um gigante global do setor.

A Prosus estava buscando um novo CEO desde setembro, quando Bob Van Dijk renunciou ao cargo depois de quase 8 anos à frente da companhia. De lá para cá, o CFO Ervin Tu estava acumulando o cargo interinamente. 

As conversas entre a Prosus e Fabrício para ele assumir o comando começaram há 45 dias e a decisão final foi tomada há duas semanas, uma fonte a par do assunto disse ao Brazil Journal. 

O anúncio foi feito hoje, mas Fabrício só vai assumir efetivamente o comando em 1º de julho, depois da Prosus reportar seus resultados do último ano fiscal, que terminou em março.

No iFood, Barreto assume imediatamente. 

A mudança vem num momento positivo para o iFood, que atingiu o breakeven em 2022 depois de anos de queima de caixa. No ano passado, a companhia fez um GMV de mais de R$ 50 bilhões, dividido entre suas quatro unidades de negócios: o food delivery; a vertical de logística; o iFood Pago, que já tem uma carteira de crédito de R$ 1 bilhão; e a vertical de conveniência.

No mês passado, o iFood fez um GMV de mais de R$ 6 bilhões, o que daria mais de R$ 70 bi anualizado, disse uma pessoa familiarizada com os números da companhia. 

A relação da Prosus com a Movile começou em 2008, quando a holandesa fez seu primeiro investimento na holding dona do iFood. De lá para cá, ela já fez diversas outras injeções de capital, e hoje tem mais de 90% do capital da holding. O restante está nas mãos do próprio Fabrício.

A última injeção de capital da Prosus na Movile foi em 2018, quando ela investiu R$ 500 milhões que foram aportados inteiramente no iFood.