Pedro Daltro, o CFO da BR Properties que renunciou ao cargo na sexta-feira, será anunciado em breve como o novo CEO da Cyrela Commercial Properties (CCP), a empresa de imóveis comerciais controlada por Elie Horn, o dono da Cyrela.
Daltro, que estava na BR Properties desde sua fundação, conduziu a companhia durante o seu IPO e atravessou ciclos de alta e de baixa no mercado imobiliário corporativo. Antes da BR Properties, trabalhou na Gafisa e no Citigroup.
Na CCP, ele vai substituir José Florêncio, um veterano com 25 anos de mercado imobiliário e ex-CFO da Cyrela que Elie remanejou para a CCP em meados de 2013.
“O Pedro talvez seja uma das pessoas que mais entende de alavancagem imobiliária no País, e esse ‘skill’ financeiro dele vai ajudar a empresa,” disse uma fonte do mercado imobiliário em São Paulo.
A principal tarefa de Daltro será equacionar o endividamento da CCP, cuja dívida líquida era de 1,98 bilhão de reais ao fim do primeiro trimestre, o equivalente a 9,8 vezes sua geração de caixa nos últimos doze meses. (Deste total, apenas 464 milhões de reais são dívida corporativa, enquanto o grosso do endividamento está alocado diretamente nos projetos.)
Recentemente, os acionistas da CCP aprovaram um aumento de capital de 400 milhões de reais, que deve entrar no caixa da companhia nas próximas semanas. Entre 2015 e 2017, a CCP tem 800 milhões de reais de dívida vencendo.
A CCP, que se tornou uma empresa independente da Cyrela em 2007, tem três áreas de negócios que operam autonomamente: prédios comerciais, shopping centers e galpões.
Investidores atribuem o alto endividamento da empresa ao investimento feito nos shoppings, e acham que a queda de receita esperada para este ano vai pressionar ainda mais os índices de alavancagem. Apesar do endividamento exigir uma gestão mais ativa — uma preocupação evidenciada pela contratação de Daltro — o crédito da CCP não preocupa o mercado. Além de Elie, os maiores acionistas da empresa são o advogado tributarista Leo Krakowiak e a Verde Asset Management, do gestor Luis Stuhlberger (com 15% da empresa).
O portfólio da CCP — que contém ativos considerados irreplicáveis, principalmente na região da Faria Lima — é avaliado em 4,2 bilhões de reais, mas, na Bovespa, a empresa vale hoje apenas 811 milhões de reais, menos de 40% de seu valor patrimonial líquido reportado, de 2,25 bilhões de reais.
Correção: (Uma versão anterior deste post usou dados da Bloomberg e do Google Finance que superestimavam o ‘market cap’ da empresa.)