Única operadora de saúde de capital estrangeiro que restou no País, a Care Plus – que atua no mercado corporativo com planos premium – quer comprar empresas para crescer aqui.
Sua controladora, a britânica Bupa, está gerando em torno de US$ 1 bilhão de caixa por semestre – e está “pronta para fazer M&As relevantes no Brasil”, Manny Roman, o CFO da Care Plus, disse ao Brazil Journal.
Os alvos são negócios que ajudem a tornar a operação da Care Plus mais verticalizada, como laboratórios, hospitais e empresas que atuam na prestação de serviços de saúde em casa.
“A entrega de saúde mudou muito desde a pandemia, então queremos melhorar a logística e o acesso a serviços em casa, com custos mais controlados,” disse Roman, que fez parte do time da Bupa responsável por comprar a Care Plus em 2016.
A Care Plus faturou R$ 2,6 bilhões no ano passado atuando no nicho premium de planos corporativos. Até 2022, a operadora vendia apenas para o que considera um público classe A, com ticket superior a R$ 1,2 mil por mês.
Mais recentemente, para continuar crescendo, passou a atender também um público B+, que paga entre R$ 600 e R$ 1,2 mil por mês.
Dois anos atrás, a Care Plus fez um movimento parecido no mercado de planos odontológicos ao comprar a Inpao, um plano com 270 mil vidas e mais acessível que seu produto original. A aquisição derrubou o ticket médio dos planos odonto da empresa de R$ 80 para R$ 12. Também em 2023, a empresa comprou a clínica Vacinar.
O total de beneficiários da Care Plus aumentou de 140 mil, em 2021, para cerca de 600 mil no ano passado. A sinistralidade cresceu, mas continua controlada: de 70% antes da pandemia, chegou a 78% em 2023 e caiu para 75% no ano passado, quando a empresa lucrou R$ 132 milhões.
O plano da Care Plus não é descer mais a barra para incluir clientes, nem mudar o foco de atuação para fora do segmento corporativo.
Mas Roman diz que considera interessante a possibilidade, em discussão na ANS, de serem regulamentados no País os planos ambulatoriais – que cobrem exames, consultas e procedimentos simples, mas não internações e cirurgias complexas.
Roman disse que é preciso ser criativo para operar aqui. E lembra do aviso que recebeu ao concluir a compra da Care Plus: “O Brasil não é para amadores”.