José Galló está de saco cheio.

Numa entrevista publicada neste fim de semana no Zero Hora, o CEO das Lojas Renner condenou os “egos que não levam a lugar algum” e a “busca de soluções ilusórias, artificiais, como se endividar mais” num momento em que o Estado do Rio Grande do Sul, como tantos outros, está à beira da inviabilidade financeira.

10176 2a93aafe 0b81 006f 01ff edbb3a15d427O mundo político, que ultimamente tem sido obrigado a ouvir a voz das ruas, também deveria ouvir empresários como Galló, um dos mais respeitados CEOs do País.

A maioria dos empresários vive e prospera a partir de seu pragmatismo, inovação e eficiência. Alguns, como se sabe, vivem de cartórios. Os governos têm muito a aprender com os primeiros, mas geralmente os políticos só fingem ouvi-los na hora de passar o chapéu durante as campanhas.

Os empresários também deveriam seguir o exemplo de Galló e se manifestar mais vigorosamente sobre a necessidade de reformar o Estado, ainda mais neste momento em que o Executivo está enfraquecido.

Em meio a este vácuo de poder assustador, uma agenda de reformas que nascesse no setor privado e encontrasse tradutores no Legislativo seria ainda mais importante que o ajuste fiscal, e no mínimo, seu melhor complemento.

 

Seguem trechos da entrevista de Galló:

Como o senhor analisa a situação financeira do Estado?

Se o Rio Grande do Sul fosse uma empresa, estaria em situação pré-falimentar. Quando se chega a uma situação dessas em uma empresa, as pessoas se unem e acham uma solução, inclusive com grandes sacrifícios, com redução de despesas. Você tem união. Deixa picuinha de lado para salvar uma empresa. Se uma empresa falir, todo mundo vai junto. Infelizmente, não temos isso no Estado. Talvez tenha de piorar um pouco mais para chegarmos a ter esse espírito. Vejo discussões inúteis, egos, que não levam a lugar algum.

Por exemplo?

A busca de soluções ilusórias, artificiais, como se endividar mais. A realidade é a seguinte: as despesas estão crescendo mais do que as receitas. Lógico que esta história não vai acabar bem. Não sei se a renegociação da dívida vai ser uma solução para o Estado. As pessoas têm de se conscientizar de que a única forma de conseguir recursos é via impostos, com negócios e desenvolvimento, uma vez que já usamos e abusamos dos empréstimos. Já temos tanto endividamento que não conseguimos mais pagá-lo. O Estado não é criador de recuros, ele é gerenciador. Então, a única forma é reduzir despesas e acrescentar receitas.

A entrevista completa está aqui.