O ‘boom’ do gin tônica nos últimos anos está embalando uma nova tendência no mercado de bebidas brasileiro: os chamados premium mixers, um novo nome para a boa e velha água tônica numa versão gourmetizada.
Os premium mixers começaram a ganhar força entre os consumidores high end da Europa e EUA mais ou menos na mesma época em que o gim tônica estourou por lá, no início dos anos 2010. No Brasil, o fenômeno começou há cerca de dois anos.
“É um processo de descobrimento do consumidor,” diz Louis Natal, o CEO da Riverside, a primeira marca de premium mixers do Brasil.
Geralmente, o consumidor chega no bar e começa pedindo o gin tônica básico. Com o tempo, ele começa a se especializar no lado do destilado, pedindo marcas melhores. “Só depois ele entende que três quartos do drink é composto pelo mixer [a água tônica, por exemplo] e que para potencializar a qualidade do drink, ele precisa ter um mixer melhor.”
A Riverside surgiu há três anos com um portfólio de quatro produtos: três tipos de água tônica (a original, a light e a feita com limão siciliano) e um ginger beer, que é usado no preparo do Moscow Mule.
A empresa deve faturar R$ 2,1 milhões este ano, mas os fundadores esperam que esse número suba mais rápido que uma dose de tequila, chegando a R$ 4,9 milhões em 2022 e R$ 14 milhões em 2024.
De copo, os fundadores da Riverside entendem. Kiko Lumack foi o fundador da cachaça Santa Dose, vendida em 2014 para a americana Brown-Forman, a dona do uísque Jack Daniels.
Já Lucas Albuquerque fundou a Cerveja Proibida e depois foi o responsável pelas marcas de licor Lillet e Ramazzotti no Brasil, numa parceria com a Pernod Ricard.
Entre um drink e outro, eles juram que o grande diferencial da água tônica da Riverside está na qualidade dos ingredientes.
“A água tônica é feita de água, gás e quinino. O problema das tônicas tradicionais é que elas têm muito açúcar e usam um quinino artificial, feito com extratos e aromas,” diz Bruno Siqueira de Carvalho, o CCO. “A nossa é feita com um quinino natural extraído na Amazônia. Além disso, usamos um pouco de óleo de laranja californiana para dar gosto.”
A qualidade tem seu preço.
Enquanto as latinhas de tônica tradicionais (da Antártica e Schweppes) custam em média R$ 2, uma garrafa de 200 ml da Riverside sai por cerca de R$ 8, dependendo do canal de venda. Já a latinha custa em média R$ 7,50.
Apesar do price point bem acima do mercado, Louis diz que o preço da Riverside é mais competitivo que o produto importado. Uma tônica da britânica Fever Tree — o principal benchmark da brasileira — sai por cerca de R$ 12.
A Riverside começou vendendo apenas para bares e restaurantes, mas já entrou no varejo, que hoje responde por mais de 50% das vendas. As bebidas estão nas gôndolas do Pão de Açúcar, St. Marché, Zona Sul e Santa Luzia.
Agora, a Riverside está no mercado para uma rodada de seed money que avaliaria a empresa em R$ 20 milhões. A companhia está vendendo 10% do negócio.
Com o dinheiro em mãos, a startup quer investir na construção da marca, aumentando os aportes em marketing, bem como na área comercial. A maior oportunidade de crescimento é no varejo, já que a marca ainda não está nas redes regionais de supermercado.
Outro plano é lançar mais dois produtos até o final do ano: um Club Soda (usado, por exemplo, no Mojito) e um Ginger Ale, que é um pouco diferente do Ginger Beer já que o gengibre é mais suave.