O Banco BTG Pactual deve anunciar esta semana um corte de pelo menos 30% de seu quadro de pessoal.
Os cortes atingirão quase todos os negócios do banco, que tenta se adequar à sua nova dimensão depois das perdas de capital e confiança sofridas após a prisão de André Esteves.
As demissões no BTG foram o assunto do dia no mercado financeiro nesta terça. Os cortes chegarão a 50% de algumas áreas e a 100% em negócios que serão desativados.
“Internamente, algumas pessoas que vão ficar já foram avisadas,” segundo uma fonte do banco. O BTG, o mais agressivo banco de investimentos brasileiro desde o Garantia nos anos 90, tem cerca de 3.000 funcionários e cerca de 240 sócios.
O downsizing estrutural marca um novo recomeço para um banco que prometia a seus jovens sócios a possibilidade de fazer riqueza por meio de sangue, suor e meritocracia — e que, por isso, era cobiçado por alguns dos melhores alunos dos cursos de economia, administração e engenharia.
“A galera que saía da faculdade e focava em ganhar um bom salário ia trabalhar na Goldman, na Merrill, no Morgan Stanley,” diz um gestor. “Mas os garotos que confiam mais no próprio taco queriam ir pro BTG, topavam ganhar 3 mil por mês mas sonhando em ‘dar uma porrada’. A molecada ‘avião’ toda ia para o banco; era o sonho da meritocracia sendo exercida no limite.”
Fevereiro é, tradicionalmente, o mês de ajustes nos quadros societários do mercado financeiro: os bônus relativos ao ano anterior são anunciados em janeiro, pagos em meados de fevereiro e, em seguida, os emails de ‘Adeus’ e ‘Até mais’ começam a chegar nas caixas postais de clientes e colegas de trabalho. Mas este ano é diferente — no tom e no prognóstico.
Por causa da crise econômica brasileira (e da falta de visibilidade na política), os cortes no BTG não serão os únicos no mercado. Outros bancos de investimento estão diminuindo suas operações para lidar com um ano em que o PIB deve cair 4%: o volume de negócios na Bovespa está em queda, não há mercado para novas emissões de ações, e ninguém consegue gerar produtos financeiros capazes de concorrer com os 14,25% oferecidos pelo CDI/Selic.
O Credit Suisse também já anunciou cortes, e outras demissões devem acontecer no Itaú BBA e no Santander, pelo menos.