O BTG Pactual fechou um acordo para a compra do controle do Banco Econômico – que está em liquidação extrajudicial desde 1996 – numa transação que, na prática, permite ao banco de André Esteves extrair valor de um esqueleto.

O valor do negócio não foi divulgado.

O BTG disse apenas que a operação faz parte da sua área de special situations, que compra e recupera carteiras de crédito podres e ativos financeiros alternativos.

A transação tem três ângulos diferentes.

O primeiro é o prejuízo fiscal do Econômico, que o BTG consegue usar para reduzir sua carga fiscal como fez com Bamerindus e BVA.

Segundo, a própria carteira de créditos do Econômico, que inclui bilhões em títulos devidos pelo Tesouro Nacional (TDAs, precatórios, FCVS, além de ações contra o Banco Central).

Por fim, a carteira de crédito do banco, mesmo depois de 26 anos, tipicamente tem algum valor residual, incluindo FCVS – um valor devido pela União aos bancos que faziam financiamento imobiliário nos anos 80 – e discussões contra o BC ainda não ganhas.

Do lado do passivo, o Econômico provavelmente deve bilhões ao BC relativos ao Proer e à sua conta reserva negativa, bem como passivos fiscais.

Segundo especialistas, o BTG deve amarrar um grande acordo desses ativos e passivos, de forma que sobre um saldo robusto no final. No final de dezembro de 2021, o Econômico tinha um patrimônio líquido negativo de R$ 1,3 bilhão.

Num leilão em setembro, o BTG já havia pago R$ 937,7 milhões por uma carteira de créditos inadimplidos do Econômico que estavam com o BNDES e o FGC.

Em 2013, o banco fez um movimento parecido quando comprou por R$ 418 milhões o Bamerindus, que estava em liquidação extrajudicial desde 1997.

Para os vendedores, a operação é a chance de se livrar de um problema que já dura mais de 20 anos. O controle do Econômico está com três veículos: Itapiracem Empreendimentos e Participações (IEP), Vitória Empreendimentos e Aratu Empreendimentos e Corretagem de Seguros. A família Calmon de Sá tem participação nos três veículos, que também contam com outros acionistas.

Antes de anunciar o acordo para a aquisição do controle, o BTG fechou a compra da participação de um minoritário relevante: pagou R$ 30 milhões por 16% do capital total e 30,8% do capital votante do Econômico que estavam com a Companhia de Participações Aliança da Bahia.

As compras da fatia de controle e da participação minoritária ainda precisam ser aprovadas pelo Banco Central e pelo CADE. Com a venda para o BTG, o Econômico sairá do regime de liquidação extrajudicial.

O Pinheiro Neto assessorou o BTG.

O Ulhôa Canto aconselhou os controladores do Econômico.