O BS2 acaba de anunciar a aquisição de uma fatia minoritária relevante da fintech mineira Paag, especializada no atendimento de bets no Brasil.
O negócio marca o avanço do banco da família Pentagna Guimarães no segmento de apostas no Brasil – que teve um volume de transações de R$ 232,3 bilhões no ano passado.
O banco começou a atuar nesse mercado no ano passado por meio da Adiq, sua empresa de adquirência.
A Paag, que também atua no segmento de jogos eletrônicos e criptomoedas, processou 15% do montante transacionado pelas bets no País. O CEO e fundador João Fraga, que seguirá no comando do negócio, disse ao Brazil Journal que a meta é alcançar um TPV de R$ 50 bilhões neste ano.
Apesar de ter comprado uma participação minoritária, o BS2 tem uma call option para a aquisição da totalidade do negócio em até três anos.
“É um deal super relevante para nós, pois já vínhamos atuando no mundo de apostas com o processamento do Pix e vemos um grande potencial após a aprovação da regulamentação,” disse Juliana Pentagna Guimarães, a diretora-executiva de corporate development do BS2.
A Paag surgiu em 2021 já de olho no mercado de apostas. Na época, o setor não era regulado e vinha sofrendo críticas pesadas sobre a segurança dos dados dos apostadores e denúncias de permitir lavagem de dinheiro, entre outras.
Com a regulamentação, o governo criou regras para as bets, como a verificação de identidade dos apostadores, mecanismos de segurança e integridade e prevenção à
lavagem de dinheiro. Foi este nicho que a Paag decidiu atacar: hoje a empresa atende 30 casas de apostas.
“Há obrigações legais, como impedir menores de idade de acessarem apostas ou que beneficiários do Bolsa Família utilizem o dinheiro do programa nas bets,” disse Fraga.
Segundo o fundador, as ferramentas da Paag utilizam inteligência artificial para prevenir fraudes e também gerar alertas sobre comportamentos problemáticos dos apostadores, como o de um possível ludopata. Se há um problema, ele pode ser rapidamente reportado às autoridades, como o Coaf.
Fraga disse que a empresa deve lançar novos produtos nos próximos meses, como crédito, seguros, cash management e compliance.
“Quando você só processa Pix a margem é apertada, mas ao entregarmos o pacote completo nos tornamos essenciais,” disse.
Para Fraga, com o sucesso da regulamentação o mercado de apostas deve apresentar um crescimento mais acelerado nos próximos três anos, atraindo outras empresas que ainda não desembarcaram no Brasil.
As conversas entre o BS2 e a Paag começaram há seis meses, e Juliana disse que a aquisição é um dos movimentos para consolidar a frente de infratech na qual a empresa vem investindo nos últimos anos, como o banking as a service.
A executiva disse que o banco deve seguir em busca de novos M&As, especialmente através do fundo de CVC de R$ 100 milhões anunciado em dezembro; a compra da Paag não usou recursos deste fundo.
O BS2 reportou um lucro de R$ 101 milhões em 2024, 18% maior do que no ano anterior. O banco mineiro fechou o ano passado com uma carteira de crédito de R$ 4 bilhões – um crescimento de 30% em relação ao ano anterior.