A BRF precificou hoje de manhã sua oferta de ações, levantando R$ 5,4 bilhões para desalavancar a empresa a R$ 9 por ação, um desconto em relação ao fechamento de ontem, de R$ 9,53.
A Marfrig, de Marcos Molina, ficou com 33% da oferta (o equivalente a 200 milhões de ações), enquanto o Salic, o fundo soberano da Arábia Saudita, ficou com outros 30%, ou 180 milhões de ações.
Nos dois casos, o montante foi inferior ao compromisso inicial dos dois investidores de comprar 250 milhões de ações cada.
A oferta-base era de 500 milhões de ações, mas com a demanda forte, o hot issue foi exercido, elevando o total em 20% para 600 milhões.
Como a Marfrig comprou apenas na oferta prioritária, ela só manteve sua participação de 33,3% do capital. Já o Salic – que não era acionista antes – passou a ter uma participação de cerca de 10,7% na dona da Sadia e Perdigão.
Caso os dois investidores comprassem as 250 milhões de ações do compromisso inicial – e o hot issue não fosse exercido – a Marfrig teria chegado a 38,7% do capital e o Salic, a 16%.
O Bank of America notou que, se ambas as empresas avançarem para seus objetivos iniciais, comprando mais ações no mercado, isso representaria uma demanda adicional de 7% das ações totais e de 13% do free float.
A oferta vai ajudar a BRF a reduzir sua alavancagem num momento em que a companhia ainda sofre operacionalmente, com as margens da operação brasileira ainda em nível sub-ótimo e dificuldade em repassar preços num cenário de competição acirrada e aumento da oferta.
No primeiro tri, considerando os arrendamentos, a companhia fechou com uma alavancagem de cerca de 4x o EBITDA dos últimos doze meses.
Com a oferta, o BofA aumentou a projeção do lucro por ação da BRF de R$ 0,39 para R$ 0,41 e reduziu sua projeção para a alavancagem no final de 2024 em 0,2x para 2,2x EBITDA.
Apesar disso, o banco manteve sua recomendação neutra para o papel, argumentando que “o momentum melhor, com menos alavancagem, já parece precificado e vemos riscos para estimativas de lucro com riscos como a gripe aviária e a apreciação do real.”
Os coordenadores foram o JP Morgan (líder), Bradesco BBI, BTG Pactual, Citi, Itaú BBA, Safra, UBS BB e XP.