Em sua segunda incursão fora do Nordeste em pouco menos de um mês, a Hapvida acaba de comprar o Grupo América, de Goiás, por R$ 426 milhões incluindo dívida.
O Grupo América é a operadora mais verticalizada da região Centro-Oeste, com carteiras de planos de saúde de cerca de 190 mil vidas e receita líquida de cerca de R$ 320 milhões em 2018.
A área de atuação do Grupo América — Goiânia e Anápolis — é complementar ao portfólio do Grupo São Francisco, sediado em Ribeirão Preto, que a Hapvida comprou por R$ 5 bilhões no início de maio. O São Francisco tem cerca de 800 mil vidas, 600 mil das quais no interior de São Paulo e 200 mil em outros Estados, incluindo Goiás.
A Hapvida pagou um múltiplo implícito de 5,3 vezes a geração de caixa esperada para o Grupo América em 2020, já incluindo as sinergias entre as empresas. Para efeito de comparação, a Hapvida negocia a 15,3 vezes sua geração de caixa de 2019 (número pro forma, já incluindo a São Francisco).
A aquisição é parte do esforço da Hapvida de se transfornar de um player regional dominante no Nordeste em uma companhia com abrangência nacional. Os investidores podem esperar mais. O CFO Bruno Cals disse ao Brazil Journal que a Hapvida tem “operações em diferentes estágios,” e que o São Francisco e a o Grupo América estavam no topo da lista.
Depois da aquisição, a dívida líquida da Hapvida subirá para 1,6 vez sua geração de caixa, mas, segundo Cals, quando se considera toda a geração de caixa adicional da própria Hapvida e das duas empresas adquiridas até o fechamento das operações, a dívida líquida da companhia terá aumentado em apenas R$ 200 milhões.
O Grupo América tem uma sinistralidade consolidada de 72%, comparada aos cerca de 60% da Hapvida e aos 69% do Grupo São Francisco.
O Grupo América inclui três operadoras de saúde — América, PROMED e AME — três hospitais com um total de 140 leitos, além de clínicas e laboratórios.
A família Ferro tinha participação na maioria das empresas do grupo, mas cada operadora tinha sócios diferentes — o contrato final inclui 23 assinaturas.
A transação foi estruturada pela equipe de M&A da própria Hapvida, e não houve concorrência.
O negócio precisa ser aprovado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), pelo CADE e pelos acionistas.