A família Bueno está fundindo a Dasa, sua rede de medicina diagnóstica, com a Ímpar, sua holding de hospitais, criando um gigante de saúde integrado com faturamento de mais de R$ 7 bilhões.

A transação vem num momento em que as operadoras de saúde buscam conter a disparada nos custos médicos e cria uma alternativa para as operadoras que hoje negociam pacotes de soluções com a Rede D’Or – que recentemente fez um investimento minoritário na Qualicorp.

10830 d89a4c7b 1da4 1e71 18dc 7cb1796a5fcaPara efeito da transação, a Ímpar – uma holding de sete hospitais e 1.800 leitos em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro – está sendo avaliada em R$ 10 bilhões, ou 22 vezes seu EBITDA estimado para 2019. A empresa de diagnósticos está sendo avaliada no mesmo múltiplo. 

Os Bueno — herdeiros do fundador da Amil, Edson de Godoy Bueno — controlam 97,7% da Dasa, mas o 1% restante ainda é negociado em Bolsa após uma oferta pública para retirar a companhia do Novo Mercado em 2015. 

“Nossa ideia foi criar uma empresa para apoiar uma medicina transformacional e benéfica ao setor”, Pedro Bueno, que será o CEO da entidade combinada, disse ao Brazil Journal. “Num curto espaço de tempo, vamos oferecer soluções que ainda não existem às operadoras.” 

Um hospital da Ímpar foi o primeiro do País a sair do modelo ‘fee for service’ e se remunerar com base num modelo chamado na indústria de ABP (de ‘adjusted budget payment’), que remunera o prestador pelo desfecho clínico e a complexidade do tratamento. Hoje, outros hospitais da rede já operam neste modelo. A Dasa também foi a primeira a testar um modelo fora do ‘fee for service’, aceitando correr o risco de frequência de utilização.

Depois da fusão, a família Bueno controlará a Dasa por meio de um veículo chamado Cromossomo Participações III, que terá 48,75% da companhia, um FIP chamado Genoma III (que está contribuindo a Ímpar e terá 33,65%), além de 15% na pessoa física.

O CEO da Ímpar, Paulo Curi, e o da Dasa, Carlos de Barros, se reportarão a Bueno, e as companhias manterão autonomia operacional.

Bueno disse que a fusão permite alinhar os times, a cultura e os processos para que as duas empresas possam trabalhar de uma forma mais integrada e conectada.

Ele disse que o movimento não é “uma mudança incremental.” 

“Não vamos ficar só em hospitais e diagnósticos: vamos olhar onde estão as carências do setor e criar um ecossistema para atender as operadoras de forma mais holística,” disse Bueno. “Em vez de fazer redução de custo por restrição de acesso, estamos apostando em tecnologia, excelência médica e prevenção. Só vai ter saída para o setor de saúde se a gente fizer as coisas de uma forma diferente.”

Ele disse que a fusão demonstra “a visão de longuíssimo prazo” de sua família, que recebeu inúmeras sondagens para vender a Ímpar depois da morte de Edson Bueno. 

A companhia combinada nasce com alavancagem baixa – menos de 2x EBITDA –- e capitalizada tanto para crescimento greenfield e aquisições.  A Ímpar tem um rating de crédito triple-A e é auditada há cinco anos. 

Bueno disse que a empresa não tem planos imediatos de acessar o mercado de capitais, mas, com os múltiplos praticados hoje no setor, parece apenas uma questão de tempo até que a nova Dasa faça um re-IPO. 

 

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